domingo, 27 de dezembro de 2009

Princípios x tendências


Férias é realmente um tempo de ócio que nos permite refletir e perceber algumas coisas ao redor.
Andei revendo alguns de meus filmes prediletos, que acabaram se juntando numa cadeia de conclusões que se junta ao livro que estou lendo no momento, "Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes", de Stephen R. Covey.
Em "De volta para o futuro" (aquele mesmo da trilogia, robert zemeckis, spielberg), passei de 1855 a 2015 em oito horas da série. E me fizeram perceber algumas mudanças que passaram pelos nossos olhos sem perceber.
A vida sem computador. A vida sem walkman. A vida sem discman. A vida sem internet. A vida sem o modem da internet 3G (haha, esta é nova).
E isso tudo me fez perceber que na maioria das vezes avaliamos o mundo de uma ótica cultural. A partir das tendências. E não a partir dos princípios.
O que raios isso quer dizer?
Quando pensamos em relações interpessoais, pensamos em como as pessoas se relacionam conosco. Sempre há algum ponto em comum: na escola, o primeiro ponto comum são os desenhos e interesses da criança; na faculdade, o objetivo de seguir carreiras semelhantes; nas amizades de infância, relações entre pais e proximidade de moradia; todas as relações interpessoais se conectam por conveniência. O que vem mudando hoje em dia? A possibilidade de você se conectar numa rede de web que propicia pessoas que você nunca viu, mas que se conectam por uma comunidade do orkut ou twitter. Uma relação virtual, mas que pode ao mesmo tempo ser sincera e próxima. Uma relação de afinidade.
Aonde quero chegar com isso? Isso tudo provém de uma tendência. O real objetivo das relações interpessoais é, numa vida essencialmente em sociedade, ter a habilidade de perceber as diferenças entre as pessoas e conectá-las não a objetivos individuais. Mas sim aos coletivos. E se emocionar com cada um dos objetivos alcançados que impactem no mesmo objetivo coletivo. Por isso, deveria ser nossa felicidade a cada vez que algum vizinho consegue um emprego, ou que alguém participe de um projeto social, que alguém busque melhorar a sociedade em que vivemos.
Por isso, eu acredito na sociedade fraterna, baseada não nos interesses individuais, mas sim nos coletivos, pois ninguém consegue ser bem sucedido na vida sozinho: tudo é feito através de relações. E me impressionou este pensamento, eu liguei a TV pra ver o jogo do zico e do romário, virando os canais, lá estava o gancho que eu precisava pra ter inspiração para escrever.
O novo clipe de Britney Spears, entitulado "3", uma incitação clara a uma relação sexual a três, ou quatro, enfim, uma "festinha" com batida dance. Longe de mim julgar, ou achar bom ou ruim. Mas sim, num tempo em que discutimos COP-15, sustentabilidade, futuros líderes, a nossa tendência cultural apontar para uma sociedade que se baseia em dinheiro, sexo, luxúria, e mostrar que o bem sucedido é aquele que mais tem a possibilidade de viver estes sentimentos. Ontem, na boate aqui em cabo frio, a mesma coisa: os hits são "love, sex and magic" e "sexy bitch". Realmente inspirador.
Obviamente, não vou julgar ou achar isso um absurdo, é muito moralista pro meu gosto, até porque eu gosto de várias músicas. O que eu pretendo por essas linhas é incitar que preparemos nossas tendências culturais não somente como uma maneira de se libertar sábado a noite, mas que também nos incitem a discutir o que realmente vai influenciar nosso futuro.
A solução? Eu não tenho. Mas espero que ao ler este texto, você também se incomode. E que possamos criar o futuro coletivamente. Porque há décadas, convivemos com as tendências, e devemos aprender a usá-las a favor.
Porque o único elemento permanente de nossas vidas é a mudança. E quando elas vierem, é importante que tenhamos nossos valores e princípios claros.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Dona néia??

Cheguei hoje pela madrugada a Cabo Frio. Já tinha um bom tempo que não vinha, não por não querer, ou achar ruim, dado que este é o local que mais me lembra minha infância. Desde o bueiro em que eu quebrei o braço no pátio do condomínio até a primeira queimadura de água viva, é como se este lugar me levasse às origens a cada minuto. E este ar não mudou. O que me impressionou foi outra coisa.
Ao chegar na rodoviária, às sete e meia da manhã, já dava pra notar as diferenças. Pra começar, o taxista me aliciando, querendo que eu pagasse a mais e o taxímetro rodando rápido demais. Nada que não esteja acostumado, mas foram raras as ocasiões em que isso aconteceu aqui. Ou seria eu tão inocente assim?
Cheguei ao meu destino, e nova surpresa: o antigo condomínio residencial simples, em que eu fico desde que me entendo por gente, já não era como antes. As gradinhas verdes foram substituídas por um grande portão negro duplamente reforçado. O banco em que eu sentava e fica proseando deu lugar a duas cadeiras destinadas aos porteiros, que por sinal nunca existiram por aqui. E um grande cartaz indicava: "É proibido jogar bola no pátio". Todos meus 18 anos que passei naquele pátio não seriam nada sem uma bola e meninos irracionais a jogar. E isso porque nem me lembro da dor quando quebrei o braço, só lembro que eu estava brincando de carrinho de mão.
E a surpresa: um interfone no portão. Toquei, apareceu um cidadão que nunca vi, e perguntou aonde eu ia. Eu falei:
- Vou ali no apartamento da dona Elaine, ela é minha mãe e está com meu irmão Tomás aí.
- Qual o número do apartamento?
A pergunta me surpreendeu, porque num condomínio com dez apartamentos, sempre foi esperado que todos os habitantes se conheçam, dado que todos vem ao mesmo lugar tem uns 20 anos. Eu cresci vendo estas pessoas.
- Desculpa, amigo, esqueci de perguntar no telefone. Você os conhece?
- Sem número de apartamento fica difícil.
E lá fui eu, me encaminhando para o orelhão, liguei mas ninguém atendeu. Ora bolas, é férias, é praia, eu também não atenderia. Voltei ao portão e me dirigi ao cidadão novamente:
- Amigo, eu não consegui falar com eles. São sete e meia da manhã, no mínimo estão dormindo.
- Você é filho de quem?
- Dona Elaine, meu amigo.
- Ok, vou verificar aqui.
E tirou uma caixa de fichas com os hóspedes. Me impressionou porque o rapaz não fez aquilo antes, mas vai saber, não custava nada, dado que neste momento cumprimentei um amigo meu que sempre passa férias aqui e conversávamos quando veio o grito:
- Dona néia?
- Amigo, é dona Elaine.
- Eliane matos?
- Elaine amigo.
- Não tem nenhuma néia aqui.
- É ELAINE - falou meu amigo, com muito menos paciência que eu.
- Elaine, Tomás, e Leandro?
- Leonardo, amigo, leonardo.
- Ok, pode entrar.
Depois de quase vinte minutos, consegui entrar no condomínio. E ali estava eu: pátio vazio, ninguém jogando bola, e todo mundo aqui em casa dormindo.
O que fica de impressão pra mim é que tudo aquilo que eu vivi não existe mais. Passar o tempo quebrando meu braço ali no pátio, sentado no antigo banquinho jogando poker, chamando os amigos pra entrar, tá tudo lá atrás. Entendo os motivos, pela segurança, pelo bem estar da sociedade, mas senti que um reduto da minha infância foi tirado de mim. Que todos nós somos reféns do bem da sociedade, pelo futuro. Mas espero que um dia a gente possa mudar isso. Até lá, vou lembrar sempre do meu pai falando que não mudava lá de casa pra não ter porteiro. Fica a mensagem pra todos um feliz natal, e que possamos nos lembrar daquilo que nos torna uma sociedade: a possibilidade de convívio e troca de experiências plena em um ambiente comum, ou a necessidade de se proteger em conjunto usando alguém pra esconder a dona néia.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Só enquanto eu respirar!

9 de novembro de 2009
Há certos momentos que fazem você se tornar uma pessoa diferente. Você pode não perceber na hora, mas depois de um tempo de digestão isso se torna evidente.
No último mês, enquanto viajava, eu tomei uma decisão: Iria conhecer o escritório da AIESEC Internacional. Era algo conveniente, já que estaria por ali perto, mas simbólico. Simbólico porque pode não significar muito pras pessoas em geral, mas extremamente interessante pra minha motivação individual como líder, envolto numa série de perguntas pós eleição que me tiravam o sono.
Quais são seus pontos fortes? Quais são seus pontos a melhorar? Quais é sua motivação para o próximo ano? Qual a sua importância para o time? Uma série de idéias, juntas a um tempo complicado na faculdade e alguns meses sem férias tinham me esgotado.
Foi quando eu tomei a decisão de ir a Rotterdam. Comecei o meu final de semana na casa de Cye, um antigo trainee da @JF. Uma família com um ótimo clima, uma cidade bem "holandesa" como num caricato de filme. Ruelas, bicicletas, bom clima. Saí a noite, tomei as bebidas holandesas típicas, fui a show de salsa, bati uma pelada, tomei meu Hagen Dazs e fui a um pub. Foi quando na internet, fui conectado a Frank, AI VP ER, que foi até o pub em que eu estava. Me impressionou a prestreza dele, em pleno domingo, oito horas da noite, sair para encontrar um maluco brasileiro em rotterdam que nunca havia conversado com ele direito. Mas o papo fluiu normalmente: como se nós já se conhecessemos, objetivos em comum, histórias diferentes, mas a mesma língua. E combinei de no dia seguinte ir até o escritório da AIESEC Internacional.
Cruzando as ruas de Rotterdam, entre fábricas da Unilever, o porto, ING, eu me sentia uma criança procurando o presente no natal.
Subi as escadas, fui recebido pelo Frank no escritório e entrei. Nada demais, mas me chamou a atenção como cada um deles me tratou. Chamar pelo nome, abraçar, conversar por alguns momentos, me incentivar. E daí saiu este vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=xPyK2hj_A3c



Saí de lá renovado. Sem o gabarito pras perguntas que eu tinha, mas com uma certeza: vou me esforçar ao máximo para garantir um bom trabalho. Porque um dia, eu quero mover as pessoas como fui movido. Porque eu quero ver cada uma das vidas que eu afeto sendo mais felizes. Eu quero chorar quando errar, mas ter a certeza de que aquilo não vai mais acontecer. E me tornar um entusiasta da vida. Alguém, que como eles, trabalhe para que as pessoas lutem para ser algo melhor.
Com toda a motivação do mundo, mesmo depois de um mês, amanhã começa a CONAL. E a sensação de que esses sonhos que tenho estão mais perto da realidade.
Post demorou a dar upload, mas ainda vale! Depois posto sobre CONAL!