domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mais um ano de vida!

Sempre que chega meu aniversário ou algo do tipo, tem gente que me fala que sou muito chato, que tenho uns pontos de vista muito loucos, que sou enjoado. É porque eu arrumei uma cisma com aniversário.

Muita gente vê e espera nos aniversários comemorar com felicidade, sorriso no rosto, sair, sei lá, ter um bom tempo. Para mim, o dia do seu aniversário é mais um simbolismo.

É a hora que você para pra refletir sobre tudo que aconteceu sobre um período pré-estabelecido de tempo (no caso, 365 dias). Ninguém pôs nos dez mandamentos da física comemorar aniversário, nem que 365 dias era o tempo em que você deveria receber presentes e parabéns. É um simbolismo. Um simbolismo que muita gente, a meu ver, não compreende, e passa sem perceber o que está acontecendo ao redor.

Eu me lembro de ter conversado com alguém sobre comunidades alternativas. Em algumas, elas não comemoram aniversário; comemoram sim, conquistas. Por exemplo: É muito mais valioso para uma criança receber uma festa depois do primeiro dia que ela dormiu sem chupeta, ou que foi para a aula e não chorou, do que uma festa por ano num dia pré estabelecido; para algumas pessoas, é muito mais valioso o dia em que você esquece o número de celular da sua ex-namorada, ou que você vai dormir sem chorar a perda de alguém querido. Significa que as feridas estão cicatrizando, que você está vencendo etapas e desafios, que está mudando. E o tempo é relativo pra cada um, o bem mais precioso que alguém pode ter; ele não volta mais, mas cada momento é eternizado pela memória de cada um. E isso é o que o faz tão esguio; ele está ali, mas quando você vê já passou. Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...

Já passei aniversários que não lembro, mas dias memoráveis em que levantei achando que seria mais um qualquer na minha vida e que tive 15 minutos que mudaram o curso de muita coisa. 15 minutos em que você recebe a notícia que vai ter um sobrinho, 15 minutos do lado de fora da sala de espera do hospital ouvindo sobre a morte do seu pai, 15 minutos em que você tem a última conversa com seu irmão antes de embarcar para 4 meses de viagem.

Por que estou falando isso tudo? Porque este é o dia oficial da minha reflexão. Eu estou comemorando mais um ano de vida ou menos um ano de vida? O que eu fiz de relevante durante estes 365 dias? O que eu vivi? O que eu não vou esquecer o resto da minha vida?

Este ano, acabaram-se vários ciclos marcantes da minha vida. Terminei minha faculdade. Aqueles quatro anos, que não sabia como iam terminar, a tensão de conseguir o emprego depois de formado, as saudades de quem conviveu contigo estes anos... para mim, esta (primeira?) faculdade terminou.

Acabou também meu ciclo na AIESEC em Juiz de Fora, no ano em que assumi a presidência da organização e também foi de grande valia para minha educação e formação como ser humano. E me deu a oportunidade de conhecer pessoas brilhantes.

Foi um ano em que viajei para o Peru, Índia, Grécia, Turquia, terminando em Bangladesh, a experiência mais desafiadora da minha vida. Foi provavelmente o ano em que mais chorei na minha vida.

Chorei de tristeza. Chorei a ausência do meu pai por mais um ano, chorei derrotas, chorei de saudades de quem amo, chorei pela impossibilidade de ajudar quem estava do meu lado, de ver pessoas sem oportunidade, de ver o quão pouco eu tenho feito aos mais necessitados.

Mas chorei de alegria. De ver meus amados crescendo, conquistando novos desafios, de receber um novo sobrinho, de ter minha família, amigos e namorada do lado, de ver novas possibilidades de ajudar quem precisa, de ter as oportunidades que tive e a gratidão que tenho de retribuir isso de alguma forma para a sociedade.

Este ano, eu comemoro mais um ano de vida. Foi provavelmente o ano que mais vivi na minha vida. Provavelmente o mais envolvente, o mais memorável, o período de 365 dias que gostaria de repetir a intensidade para sempre.

Na minha primeira hora desde vigésimo segundo ano, fomos a um acampamento com meu chefe e 50 alunos. Fizemos uma excursão noturna aos campos de chá. Você ficava com os olhos vendados, no meio da mais pura escuridão, sozinho, apoiando sua mão numa corda que guiava o caminho.

Foi provavelmente a sensação mais rejuvenescedora da minha vida. Não ter nada ao seu redor, na completa escuridão. E foi ali que eu percebi o que eu quero este ano. Pensei em cada momento que vivi nestes últimos dias. E vi que, aconteça o que acontecer, não vou esquecer esta sensação. A sensação de andar no escuro, no meio do nada, sem rumo, mas aproveitando cada momento desta caminhada. Porque quando você menos esperar, você já está voltando pra luz e aquele momento já passou. Aquela degustação da vida já se evaporou pelos seus dedos. E é assim que eu pretendo viver cada segundo.

Agradeço a Deus por mais um ano de vida. Principalmente por ter colocado duas pessoas tão únicas e boas como meus pais que tenho o privilégio de conviver e aprender. E espero que no próximo ano tenha mais coisa pra contar.

"I have been impressed with the urgency of doing. Knowing is not enough; we must apply. Being willing is not enough; we must do."

Leonardo da Vinci

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Conspiração universal pelo bem


Sim, existe uma conspiração universal pelo bem. É só a gente olhar com mais atenção ao nosso redor. E no caso a seguir, eu não tava preparado pra escutar tudo isso. Mas acho que estes são 15 minutos que marcam sua vida, e que vem da simplicidade mais sincera de uma conversa de bar.

A seguinte conversa aconteceu hoje, após um programa de rádio em que falamos durante uma hora sobre inspirar negócios na Indonésia. Falamos sobre a realidade do Brasil, dei meu ponto de vista e dividi com meu chefe o programa. A audiência foi de mais de 3000 pessoas. E depois ele foi me deixar em casa.


Léo: E aí chefe, tudo bom?

Victor: Tudo ótimo! E você?

Léo: Bão tamém! Então, o que você estudou?

Victor: Engenharia de software!

Léo: Ah, que bom! Você programa em que linguagens?

Victor: Ah, algumas... mais de 20.

Léo: Ah tá... e o que você faz no seu trabalho?

Victor: Eu iniciei minha própria empresa de software. Hoje, eu só coordeno, vou lá algumas vezes na semana. Meu foco tem sido outro.

Léo: Hmm... e qual tem sido?

Victor: Coordenar a escola que criei ano passado. É a primeira vez que recebemos estrangeiros como você pra dar aula, e também estamos expandindo.

Léo: E como você resolveu criar esta escola?

Victor: Eu tenho muito dinheiro hoje, uma ótima família, posso sair de férias 2 vezes por ano pra viajar, pude realizar meus sonhos. Mas eu queria dar a oportunidade pra outras pessoas. Se eu soubesse antes o que sei agora, se eu pudesse dividir este conhecimento com alguém, eu sinto que poderia inspirar outras pessoas a fazer o mesmo.


Léo: E quando você começou??

Victor: Há um ano atrás. São 3 níveis: 0, para conhecimento básico sobre empreendedorismo e inspiração para seu negócio. Temos mais ou menos 500 pessoas nesta fase, mas somente 60 ou 70 geralmente passam à próxima fase. Avaliamos o desempenho das pessoas em dois projetos, o caráter e integridade demonstrados baseado em feedback dos colegas e um quiz em que eles devem ter um aproveitamento maior que 75%. Em seguida, realizamos um final de semana de acampamento da escola, que por sinal vai ser agora dia 26 de fevereiro. No nível 1, partimos para mais conhecimento específico. Nível 2, todo o aparato técnico para a formação de empreendedores em cada área.

Léo: Quantos alunos são hoje?

Victor: Mais ou menos 800, mas no futuro devemos ficar apenas com metade. Neste último ano, tivemos mais de 1000 pessoas que saíram da escola.

Léo: Por que?

Victor: Seleção. Todo o trabalho que fazemos é voluntário, e precisamos de pessoas realmente afim de ajudar a escola e com o perfil empreendedor. Só continua no programa quem nós realmente acreditamos.

Léo: Peraí... eles não pagam nada pelo ensino?

Victor: Não. O que pedimos em troca é que os formandos do nível 2 retornem à escola para servirem como mentores durante um tempo, se possível, e que inspirem outras pessoas a continuarem o ciclo de empreendedores.

Léo: Mas se eles não pagam a fee, quem é que mantém a escola?

Victor: Eu e outros ex-alunos. Não temos staff, todos trabalham como voluntários; não temos professores, são todos mentores. Não é um ensino de mão única; queremos que nossos alunos nos ensinem também. Que possamos sentar numa roda e uns ajudando os outros, formando cooperativas, aproximando-os de realizar seus sonhos profissionais e de vida.

Léo: E quais atividades vocês promovem para preparar os empreendedores?

Victor: Temos empresas que se interessam em bancar alguns projetos. Sociedades daqui já se tornaram grandes. Temos seminários internacionais, campings, avaliações. Mas o mais importante é que consigamos aliar os resultados com alegria. Eu sou um homem feliz com minha vida, e parte disso vem do fato de gostar do que eu faço. Se você tem um propósito, se tem criatividade e ambição, por que você não se torna o próprio chefe? Eu busquei expandir meu negócio e acreditava na minha habilidade. Espero que com meu trabalho na USB Business School consiga dividir isto com outras pessoas.

Léo: Obrigado pela carona chefe! Meus parabéns pela iniciativa! É um prazer trabalhar contigo na USB!

Victor: Ok! Já te dei meu livro?

Léo: Não...

(Pega o livro no porta-malas, uma foto dele, com a estampa "best seller", 250.000 cópias vendidas, e o número oito na capa).



Victor: Aqui está!

Léo: Que ótimo! Sobre o que é?

Victor: Através da minha história, eu escrevi um pouco do que aprendi. E vi que existem 8 passos para atingir seus sonhos. São:

1. Do Not be Afraid to dream of becoming wealthy despite any difficult situation you are today.

2. The principle of working hard or nothing-2 in life.

3. Diligent saving for capital to do business / invest.

4. Save money, live in simplicity and delay the pleasure.

5. Never give up, because every obstacle in life will raise you to a better condition (no gold behind the stone)

6. Carefully select the investment / business (think long).

7. Always want to give the best service for the consumer / client.

8. Be a Loyal friend, help your friends when experiencing difficulties, because they will be there for you later.

Léo: E quem são estes depoimentos aqui atrás

Victor: É o presidente da Indonésia falando do livro.

Léo: Hmmm tá... Obrigado chefe! Nos vemos sábado no camping!

Victor: Tchau!

A USB Business School começou em 2008. Para saber mais, acesse www.usbschool.blogspot.com . Tá em bahasa, mas o google translator dá uma ajudinha pra quem quiser ler algo. O lema da escola é "the school of life".

Esta viagem está me ensinando muito mais do que eu acreditava. E, pelo jeito, estou aprendendo com as pessoas certas!

Fiquei muito emocionado conversando com meu chefe hoje. É estranho ver tudo que você acredita refletido em pessoas ali, na sua frente, há milhões de quilômetros de distância, educando, desenvolvendo e capacitando líderes para um futuro melhor.

O importante de qualquer viagem não é o que você lembra de colocar na bagagem de ida, mas sim o que você não esquece na viagem de volta!

:)