quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Agradecimento especial




No próximo dia 16 de dezembro, ao passo que concomitantemente embarco para meu primeiro intercâmbio em Bangladesh, termina minha experiência de quase 3 anos como parte da AIESEC em Juiz de Fora.
Foto do primeiro Discovery Days da AIESEC em Juiz de Fora / abril 2008

Ao longo destes 3 anos de experiência, passei por 2 comitês organizadores, 3 times nacionais (agora como coordenador), 10 conferências (2 internacionais), um ano como diretor e agora outro como presidente de comitê local. Uma experiência extensa, mas muito mais relevante não pelos cargos em si, mas sim pelos desafios que tive que enfrentar em cada momento.

A começar pela institucional, a AIESEC é uma organização que eu considero idealisticamente perfeita. É impossível achar alguém em sã consciência que seja contra a missão da AIESEC, que consiste na paz e preenchimento das potencialidades humanas. Uma plataforma internacional para que jovens explorem e desenvolvam seu potencial de liderança buscando o impacto positivo na sociedade. A frase e definição criam uma organização única para desenvolvimento de competências exigidas não somente pelo mercado de trabalho, mas sim para a vida.

Costumo dizer pras pessoas que ninguém é capaz de motivar alguém; através de palavras, elas podem ter um efeito em uma pessoa ou em outra. Mas motivação é algo que vem internamente, uma força que te conecta de coração com aquilo. O que todas as pessoas do mundo ao seu redor podem fazer para te motivar são nada mais que mostrar possibilidades e oportunidades que você pode ambicionar, mas se você não compra a ideia, não dá certo.

Eu comprei a ideia da AIESEC. Eu comprei um compromisso com criar uma sociedade com menos preconceitos, de ter uma experiência que fosse relevante não só para mim, mas para impactar quem estivesse ao meu redor. E ao longo destes anos tiveram algumas histórias que me fizeram ver e refletir sobre a força de pessoas conectadas por um ideal.

Cye Sergio, primeiro trainee da @JF (sentado de branco)

O primeiro aspecto que me fez refletir foi o contato com o internacionalismo. Pessoas de diferentes países, com diferentes culturas, me fizeram aprender sobre "os problemas culturais". O que é um problema para alguns pode ser uma grande oportunidade para outros. Nunca me esqueci da primeira vez que falei que íamos enviar alguém para a Colômbia minha mãe reagir com estranheza e ser alvo de chacota por parte de várias pessoas. E não é que no final das contas, alguns dos maiores amigos que fiz na AIESEC ao longo destes anos vieram de lá? Aprendi muito com o nacionalismo dos colombianos, e vi como o estilo de vida deles tem a nos ensinar.

Além de brasileiro, eu sou um cidadão do mundo. Onde quer que eu esteja, pretendo aprender diferentes maneiras de tornar aquele lugar melhor para as pessoas que ali viverem, de acordo com a percepção deles. Tem muitas coisas que o Brasil deve aprender com lugares de fora, assim como tem muitas coisas que o mundo pode aprender com o Brasil; amo meu país, meu mundo, e tenho intenção de torná-lo cada dia dando mais condições para que seus habitantes estejam em condições de uma vida digna.

Eu e o presidente da AIESEC Internacional, Hugo Pereira

Aprendi na AIESEC a vencer n preconceitos meus; convivi com pessoas de diferentes universidades (UFJF, Machado, Vianna Jr., Granbery, CES, pós graduações), faculdades (Engenharias, Arquitetura, Economia, Administração, Direito) e com experiências de vida extremamente diferentes (pessoas que viajaram para países como Rússia, Índia, Tunísia, Egito). Isso me deu uma nova percepção de mundo.
Além disso, encontrei minha linha de estudo dentro da faculdade, consegui trabalhar com uma leva de oportunidades
e eventos que me moldaram como pessoa.

Mas ao longo destes 3 anos, o que mais aprendi foram com as pessoas. Por mais que a organização em si
seja idealisticamente perfeita, ela só é possível através de pessoas. Pessoas capazes e motivadas naquilo que fazem.

Agradeço a cada conversa que tive com diretores nacionais, a cada amigo que fiz, a cada congresso que participei, a cada obrigado que recebi,
a cada pessoa que selecionei, a cada intercambista que vi feliz com sua experiência, cada trainee que conheci. Para mim, é isso que fez a diferença na minha
formação. Este era o objetivo que me uniu à AIESEC: a possibilidade de me conectar a pessoas diferentes, nem melhores nem piores
que eu, simplesmente diferentes, mas algumas essencialmente brilhantes.

Carrego durante os próximos anos minha eterna gratidão à organização e me deixo a disposição para ajudá-la no que for necessário.

Para terminar, nunca vou me esquecer da história que aconteceu no Congresso Internacional 2010, na Índia.

Ao receber uma premiação de melhor projeto da AIESEC Internacional, os competitivos chineses receberam o segundo lugar.
Não houve comemoração, foi algo singelo. Não havia comoção por parte deles, chateados de não terem vencido a competição.
Para surpresa maior dos espectadores, os vencedores foram ninguém menos que o projeto de Taiwan.

O presidente da AIESEC em Taiwan, aos prantos, disse que era a primeira vez em 20 anos de existência que sua AIESEC era chamada ao palco para comemorar algum prêmio.
Agradeceu, e aplaudido de pé, desceu do palco. A premiação terminou. Os acanhados chineses se encontravam em um canto.

Você há de imaginar que perder um país muito competitivo e focado em metas perder seu prêmio para uma província
com uma série de problemas históricos não deve ser a melhor sensação do mundo. Foi quando vi o ato que mudou minha percepção e me fez acreditar mais na força da mudança.

O presidente da AIESEC na China se aproximou do de Taiwan, deu-lhe um abraço e parabenizou-o. E assim fizeram os outros
10 integrantes dos dois países, que conversavam e trocavam ideias, um olhando o prêmio do outro, mas sorrindo, se confraternizando.

Quem estava comigo não deixou de reparar que eu chorava copiosamente. Esta imagem nunca sairá da minha cabeça.

Agradeço à AIESEC em Juiz de Fora por nestes 3 anos, ter me dado esperança e força para mudar e empreender. Parto agora para um intercâmbio
em Bangladesh e outro na Indonésia, lugares que nunca tinha pensado em ir. Mas com um projeto único de mudança, e que pretendo que seja
algo que trabalhe para sempre na minha vida. Isso para mim fez toda a diferença do mundo, e mais, criou uma meta pessoal:

Ser positivamente relevante para 1 bilhão de pessoas até o final da minha vida.

Sempre estarei aqui para apoiá-los!

De um alumnus orgulhoso!

:)


domingo, 17 de outubro de 2010

Revendo um velho amigo

- Fala Léo! Quanto tempo cara!

- Iaí! Po, tempasso mesmo!

- Como é que tão as coisas?

- Cara, melhor impossível!

- E a família, como vai?

- Bom, está tudo bem! Na verdade, melhor impossível. Em julho, ganhei mais um sobrinho! O nome dele é Pablo, filho da minha irmã Aline!

- Que legal! Vai se juntar ao outro... qual o nome mesmo?

- Cássio, filho do meu irmão Cassiano. Fez um ano em agosto, nem vi passar direito! Tanta coisa mudou neste tempo...

- E aí? Como anda a faculdade?

- Então, to terminando minha monografia! O tema é Empreendedorismo Social aplicado à Responsabilidade Social Corporativa.

- Anh?

- O meu objetivo é provar para empresas que responsabilidade social vai além de não utilizar copos descartáveis e separar o lixo; é mostrar como um investimento nos verdadeiros propulsores de mudança social são um benefício para a empresa, através do seu posicionamento e do retorno intangível que existe na sua imagem. Pretendo trabalhar com programas de Negócios Sociais, baseado na obra de Muhamad Yunus, ganhador do Nobel da Paz em 2006 com seu projeto no Grameen Bank (Bangladesh) para microcrédito de comunidades carentes; e analisar uma série de outros estudos de caso que provem como RSC (CSR, em inglês) pode ser aplicada para formar uma sociedade melhor.

- Só... mas como você vai fazer pra convencer uma empresa disso?

- O meu principal foco vai ser trabalhar com uma empresa indiana, chamada Tata, que concomitantemente com seu país apresentou um grande crescimento e é símbolo do nacionalismo e do exuberante desempenho de seu país no cenário internacional; a empresa conseguiu aliar um grande investimento em empreendedorismo social, educação e financiamento de iniciativas que levassem mais benefícios à sua população com um grande retorno financeiro e de imagem que só mesmo estando lá para ver.

- Como você sabe?

- Bom, em agosto deste ano, embarquei para a Índia, onde fiz parte de uma delegação de 13 pessoas que representavam a AIESEC no Brasil, e fiquei lá durante 3 semanas, 10 dias de congresso e outras conhecendo a realidade.

- AIZEK?

- Então, AIESEC é a organização que eu estou trabalhando pelo terceiro ano seguido; agora o último no nível local, em Juiz de Fora, fechando minha gestão de 2010 como presidente do comitê local da cidade. Tem sido uma oportunidade muito gratificante e ao longo do ano me deu a oportunidade de conhecer gente do mundo todo e de aprender mais do que eu imaginava.

- Conta um pouco mais aí.

- Nestes 10 meses como presidente, aprendi bastante sobre o que quero fazer da vida. Pra começar, percebi que quero ser relevante de alguma forma para as pessoas. Não quero um trabalho que só me dê meu sustento, que eu não veja o impacto do que eu estou fazendo; quero ver pessoas tendo sua vida facilitada pelo que eu faço, e devolver ao mundo grande parte do investimento que foi feito em mim (escola particular, intercâmbio, universidade federal, oportunidade de me formar). Acho que fica claro para mim que não existe nada melhor que trabalhar com capacitação e desenvolvimento de pessoas, porque nada é tão enriquecedor do que aprender mais a cada dia, quebrar os seus mais diversos paradigmas, ter que se adaptar, e ter a certeza que você é relevante.

Nos últimos dias tenho refletido bastante qual é minha relevância de fato. Vendo o resgate dos 33 mineiros lá no Chile, eu parei pra pensar o que realmente vale a pena na vida... se eu passasse dois meses em um poço, quem estaria lá em cima pra me receber depois? Porque minha vida seria tão importante e relevante para o mundo? Será que a sociedade sentiria minha falta?
Estudando pra minha monografia, vi que o ganhador do Nobel da paz em 2006 já ajudou através de sua iniciativa mais de 20 milhões de pessoas, e inspirou outras incontáveis através de seus livros... e eu? Como poderia tornar minha contribuição mais ativa ao mundo?

Eu fiz minha escolha, e estou me esforçando agora para garantir que tenha um trabalho que me dê esta possibilidade.

- Doideira hein! Mas você não pensa em ganhar dinheiro?

- Não existe uma dicotomia entre lucrar e ter um trabalho impactante que mude a vida das pessoas; empreendedorismo social também pode ser um bom negócio, e na maioria das vezes é. O problema é que muita gente só pensa no lado assistencialista, quando também devem haver bons gestores e pessoas capacitadas para gerir estes projetos, caso contrário, eles permanecem no campo das boas ideias, péssimas execuções. E já dizia Abraham Lincoln, "Whatever you are, be a good one". A minha intenção, mais do que ganhar dinheiro, é ser bom no que faço e relevante para alguém.

- E depois de formar?

- Bom, em dezembro embarco para fazer intercâmbio.

- Pra que mais um?

- Bem, o fato é que o intercâmbio que fiz anteriormente não supriu as minhas necessidades profissionais; foi bom para aprender outra língua, mas o que eu trabalhei não tem nenhuma relação com a carreira que busco agora. A minha experiência internacional contará sim na hora de um emprego, mas o que eu fiz também conta bastante, e trabalhar numa escola de ski não está entre os meus objetivos pro futuro. Daí meu interesse em suprir esta lacuna que não consegui anteriormente. Por isso, queria um intercâmbio que me desse uma experiência de trabalho relevante, ou um intercâmbio que realmente fizesse a diferença do porque eu estava viajando, com a certeza de que contaria com um acompanhamento forte.

- E agora? Vai pra onde?

- Farei dois: Bangladesh e Indonésia.

- Bang o q?

- Bangladesh, na Ásia, ao lado da Índia, perto do Butão e do Nepal (sem trocadilhos). Indonésia, Ásia, perto da Austrália.

- Não um tinha um lugar melhor não?

- Depende do seu conceito de lugar melhor. Se você prefere passar a sua vida numa bolha ignorando as disparidades do mundo e disposto a não vê-las, realmente existem lugares melhores; não penso que haja países "melhores" que outros, o que existe sim são diferenças (abissais) nos problemas enfrentados. Mas daí a julgar algum país e usar o adjetivo melhor, eu considero errado; talvez países com problemas mais graves, que ponham em risco a vida e a dignidade humana poderiam ser chamados de países com mais desafios, mas não "piores", isso seria subjulgar uma cultura/potencial humano e estabelecer uma predestinação eterna para este local.

A minha viagem à Índia me fez perceber o quanto eu devo transformar problemas em oportunidades de melhoria; choques culturais são ótimos para te fazer refletir sobre o que é realmente essencial para a felicidade, para garantir a qualidade de vida de alguém. Eu espero no meu intercâmbio fazer a diferença, trabalhando com algo que vá me agregar conhecimento pro futuro e conhecendo uma nova realidade. Os lugares não são piores ou melhores, simplesmente diferentes...

- Tá doido rapaz...

- É, de vez em quando eu também penso isso. Mas prefiro acreditar que existem mais de 200 países ao redor do mundo, e cada um tem seus pontos positivos e negativos. Não tenho medo de enfrentar choques, de ter que me adaptar a outro lugar. De fato, as situações da minha vida em que eu tive que mudar foram as que me fizeram amadurecer. "Não existe melhoria em toda mudança, mas certamente não existe melhoria sem mudança". Espero ter serenidade para perceber e respeitar que cada sociedade tem suas necessidades e tirar o melhor de cada experiência.

- Você tá mudado!

- É, este ano me fez amadurecer. Estou me formando, ano que vem termino minha pós, e estou muito disposto a aprender ao máximo até entrar de fato no mercado. Espero que acumulando experiências relevantes e tendo humildade para aprender cada dia mais, garanta uma base para completar o meu propósito de vida: impactar positivamente na vida das pessoas.

- Ih, tá dando minha hora aqui...

- Rapaz, foi muito bom te ver! Manda um abraço pro pessoal!

- Cara, só uma última pergunta: você é feliz?

- Me considero hoje extremamente realizado com o que faço e uma pessoa bem estável em relação à suas emoções. Pra mim, o que aprendi durante o ano teve um preço incomensurável, e mais do que isso, me deixa hoje com a seguinte certeza: eu posso não concordar com você, eu posso achar o que for da sua personalidade, da sua relação com família, modo como encara a vida... mas uma coisa é certa: eu vou te respeitar, porque certamente o meu modo de ver o mundo não é lei divina, é mais uma visão no meio de 6,5 bilhões de pessoas na Terra, 230 países, sem falar das diferenças de religiões, crenças, governos... e me esforço cada dia mais para não julgar ou cometer o erro de ser intolerante.

:)

Acho que deu pra explicar um pouco dos últimos meses! Quando estiver mais livre posto mais... espero que vocês gostem!

PS: Este texto não é uma crítica a nada, nem a ninguém! É meu simples ponto de vista, meus objetivos, meus sonhos!

terça-feira, 13 de abril de 2010

A vida sem impacto não é uma existência plena

Já faz um bom tempo que eu não paro para escrever aqui no Blog. Confesso que passei por uns momentos em que me perguntei se não estava sendo repetitivo, se minhas idéias eram realmente válidas de espalhar; se isso realmente fazia diferença, não só para mim, mas para alguém que se interessasse em ler algo escrito por mim; junte-se isto aos problemas do dia-a-dia, e lá se vai mais de um mês sem posts.

Durante este tempo, pensei muito sobre o que seriam idéias que deveriam ser externalizadas. E andei filosofando sobre algumas situações que tiveram algo em comum na minha vida, especialmente desde meu aniversário.



Eu nunca fui suficientemente bom em nada. E digo isso feliz da vida: eu nunca tive as melhores notas na escola, eu nunca fui o melhor jogador de basquete, eu nunca fui o orador que se destacasse. Isso sempre foi algo que assombrou meus sonhos: se eu não era suficientemente bom em nada, o que eu iria fazer da minha vida?

Por suficientemente bom, entende-se pessoas que realmente nasceram com algo chamado talento. Eu vi e vejo muita gente talentosa e boa naquilo que faz. Quando eu me acho bom em alguma coisa, como não sei, cinema, tem alguém que consegue me descrever toda uma cena sem perder nada; quando eu me achava bom jornalista esportivo (acredite, eu entrei na faculdade pra escrever no LANCE e trabalhar na ESPN Brasil), eu via alguém com memória impecável e que conseguia visualizar um lance como ninguém; quando achava que jogava bem basquete, handball, até videogame, sempre existe alguém muito talentoso que me fazia ver que eu realmente devia estudar muito mais ou praticar ainda mais.



Não falo isso com desgosto ou chateado não. Falo isso como uma verdadeira constatação. E por isso, desde pequeno fui acostumado a me esforçar muito; estudar muito, correr atrás. Meu pai sempre me falava: "Não me importa o que você vá fazer, simplesmente seja o melhor que você pode ser e faça algo que você gosta". Foi aí que comecei a fazer de tudo: formei em italiano com 15 anos de idade (foto acima), estudei informática, filosofia, tudo que desse na cabeça. Até a época do vestibular, não tinha idéia do que fazer, mas fui muito levado a reflexão na minha terapia. Pensei em tudo que eu gostava de fazer.

Eu gostava de ser filósofo, porque moldava pensamentos e teorias que tivessem aplicabilidade na vida das pessoas. Lia, gostava de saber de tudo, e achar um sentido lógico para a minha existência; Gostava de estudar outras línguas, porque não gostava de me sentir simplesmente brasileiro, mas sim um cidadão do mundo, e não existe nada melhor que ter um mundo de oportunidades a sua frente para melhorar a vida das pessoas; gostava de jornalismo esportivo, porque estava diretamente relacionado à emoção das pessoas, e já havia rido e chorado muitas vezes. E consegui chegar a uma relação entre estes elementos.


Aplicabilidade de teorias na vida das pessoas é impacto; é dar a elas a possibilidade de dividir sentimentos e impressões que realmente simplifiquem e otimizem sua qualidade de vida. Ser um cidadão do mundo é impacto, é trazer um sentimento de que você pode e deve melhorar a vida de outras pessoas, por mais distantes ou difícil que este contato possa parecer; mexer com as emoções é impacto, para que você possa trabalhar com a possibilidade das pessoas superarem problemas que sejam empecilho para sua realização pessoal ou felicidade.

Percebi que para mim, não importa o que faça: eu quero causar impacto. Chegar ao final da sua vida e lembrar de todas as pessoas que você fez inspirar, que se desafiaram, que agradeceram por você ter aparecido na vida delas. Porque eu sei que nos últimos momentos da minha vida, é disto que eu vou lembrar; dos meus filhos, do legado que deixei intrínseco a minha existência: a possibilidade de mudar a vida de alguém para melhor, e a partir destas mudanças, construir um mundo melhor.

Escolhi minha faculdade, mas isso pouco me importa hoje; me importa mais o que eu faço pra ser o melhor que eu posso pra minha família, pra mim, pra minha profissão; o que importa é ter a consciência limpa de que tudo está voltado para que eu não esqueça a missão da minha vida:

"Por mais que você se esforce, planeje-se, problemas vão aparecer, de uma forma ou outra; o que vai fazer a diferença é como você vai lidar com eles."

E desde então, dedico cada minuto que eu tenho de vida útil a este propósito: ajudar para que as pessoas possam superar os problemas de sua vida para atingir a realização de seus sonhos e felicidade. Dizer o que sinto, estar pronto a ouvir e ao exercício contínuo de se melhorar, pensando um dia em causar o mesmo impacto que as pessoas brilhantes que passaram pela minha vida causaram a mim.
Isso faz pleno sentido para mim, e acho que isto é o que basta para tornar a atividade de existir plena para cada um de nós!

"Por não saber que era impossível, ele foi lá e fez"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Excelência não é um feito, mas sim um hábito



No dia 27 de fevereiro de 1989, mais exatamente às 4 horas da tarde, eu nasci.
De quantos meses? Meu parto demorou? Quem fez meu parto? Eu não sei.
Passei anos imaginando, me olhando no espelho, como eu gostaria de saber a resposta para algumas destas perguntas. Só fui entender o que era ser filho do coração uns anos à frente.
Ser filho do coração é uma prova imensa de amor. Dos seus progenitores, dos seus pais, da sua família. Isso tudo por que é uma escolha muito pensada, muito difícil para algumas pessoas, e por muito tempo foi mal vista, alvo de preconceito pelos homens de puro sangue, as famílias tradicionais de linhagem tradicional!


Desde o início, sabia do fato; meus pais sempre foram muito sinceros, não foi nenhuma cena de novela. Aprendi a amá-los, a conservar cada minuto de carinho, cada momento especial. E as dúvidas foram se esvanecendo da minha cabeça.
Porque o quem você é hoje não é tão importante quanto o que você se esforça para ser amanhã.
Cada característica minha pessoal não é delineada por traços biológicos, ou por herança genética; as pessoas definem suas personalidades através de comportamentos. E é isso que faz toda a diferença do mundo: o modo como você age.
Por exemplo, se você é considerado uma pessoa educada. As pessoas te elogiam, sempre dizem isso sobre você. Se durante um ano você acha que tem esta competência intrínseca a seu caráter, e passa a esquecer de dar bom dia, de agradecer, de se desculpar, certamente você não será mais educado; a arte de viver é um exercício constante de melhora pessoal, de estabelecer hábitos e ações que o tornem um exemplo para outras pessoas e que definam o seu caráter.
Para mim, o importante não é o verbo Ser. É o verbo estar. As pessoas mudam, suas personalidades mudam. Isto é algo incontrolável, o curso não é simplesmente uma linha reta; o que fará a diferença é como vamos reagir a estas mudanças. E para isto, criamos missão, valores e projeções de futuro.

E assim, minha família me deu o exemplo. Aprendi o real sentido de viver. Criei a minha missão: causar impacto na vida de outras pessoas e mudar a vida delas para melhor. Como a minha foi mudada pelos meus pais, pelos meus irmãos; o processo se encadeia de tal forma que acredito que seja capaz fazer muito mais do que eu consigo imaginar; e a cada vez que ouço um agradecimento, meu coração se enche de força para tentar cada vez mais.
Há algum tempo atrás, achei um livro no sítio do meu pai; ele se chamava "o plantador de árvores", ou algo parecido. Contava a história de um homem que todos os dias, plantava suas sementes num local ermo, onde não havia nada. Questionado por que fazia isto numa terra tão ruim, ele sempre mostrava fé que com sua plantação, conseguiria restituir toda a flora ali não existente. E durante um tempo, foi motivo de descrença e chacota.
Após 10 anos, a situação já mudava: já haviam algumas plantas, a população começava a se aproximar do vale, agora mais verde; e de dez em dez anos, as coisas foram melhorando, até que o vale se tornou verde o bastante para abrigar uma população e garantir a prosperidade de muitos que outrora se veriam frente a frente com a seca. E tudo graças a um semeador que talvez nunca tenha sido visto pelos homens do vilarejo, que poucos sabem do que fez. Mas ele foi lá e mudou.
Acredito muito no potencial de mudança das pessoas. Sou um entusiasta do ser humano.
E daí, o que isto tem a ver com meu aniversário? Minha adoção?
Escrevo para dizer que "problemas" como os que tive com origem não são o principal da vida; o que realmente desenha seu caráter são suas ações, e não há nada que imponha um limite ao que você quer se tornar. Assim, o tamanho dos problemas e como você vai encará-los torna-se uma questão de ótica, e não um empecilho. Eu poderia ter parado minha vida, não ter aceitado a adoção, ter procurado meus pais biológicos, mas, de coração, isso não faz a mínima diferença para mim hoje.
Eu me tornei filho da Elaine, do Ronaldo, irmão do Tomás, do Cassiano e da Aline. Eu me tornei neto da dona olga e da dona ondina, do seu isaltino e do joão. E eu criei a minha meta:mudar a vida das pessoas para melhor, a começar dentro da minha casa.

"Nós somos o que nós repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um feito, mas sim um hábito."
Aristóteles

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sete coisas que não aprendi nos livros - Parte 1

Nos últimos tempos, vivi uma série de situações que me fez repensar como me colocaria numa posição de liderança. E ver como cada uma delas me modificou, moldou pensamentos e me fez refletir. Espero que isso faça você que está lendo refletir!
Eu dividi sob o título sete coisas que não aprendi nos livros. Não tem nenhuma ordem de importância, vai mesmo pelo dia!

Parte 1: "Metas são sonhos com prazo para realização"




Se pudesse me resumir a uma palavra, ela seria inspiração. Desde pequeno, sempre fui inspirado pelas pessoas que moldaram meu caráter, e minha missão pessoal é se tornar um inspirador para que outras pessoas sintam a gratidão que sinto em relação às pessoas que criaram um sonhador.

Sempre me foi permitido e aconselhado a sonhar. Desde pequeno sempre fui alguém que me cobrava muito. Até me adequar à realidade, isso durou muito tempo, porque meu objetivo era não criar problemas para os outros. Na minha infância, eu me lembro de uma cena: matriculado na escolinha de futsal, quando as pessoas do outro time vinham pegar a bola de mim, eu entregava sem relutar. Não queria magoar ninguém, porque sentia isso em relação a meus pais. Eu me lembro o quanto já apanhei e fui xingado (hoje eu sei com razão) durante esta parte da infância.
Então, com o passar do tempo, os sonhos tomam forma. Não são simplesmente um esboço, uma coisa inalcançável. São um escopo do que você no seu íntimo pretende se tornar. São sua inspiração. E é aí que sonhos deixam de ser inalcançáveis. Quando você os transforma em metas.
Tenho um grande marco na minha vida sobre quando transformei meus sonhos em metas. Na minha formatura de quarta série do primário, a minha primeira na escola, meu pai me explicou que não poderia ir à minha festa, porque tinha que viajar. Eu chorei, esperneei, nunca aceitei isso, porque pensava que nunca perderia a primeira festa de formatura do meu filho. E eu recebi um telegrama na época, com os seguintes dizeres que guardo comigo até hoje:


Confesso que minha primeira reação foi de raiva. De ter um sonho arruinado, de ter minha família eternamente ao meu lado, principalmente nestes momentos. Eu guardei o telegrama na época somente por educação, e passei alguns dias sem falar com meu pai. Compreensível não?
Passam-se os anos, e depois, quando eu já estou na faculdade, criei uma meta para minha vida: causar impacto na vida de outras pessoas. Desde tocar violão no centro espírita, até me dedicar a obras voluntárias, foi isto que busquei. E resolvi compartilhar com meu pai isso. E perguntei qual tinha sido o maior desafio dele neste tipo de trabalho.
Desde pequeno, sempre vi o trabalho com obras sociais, e uma dedicação enorme a isto. "Meu filho, há uns 20 anos eu criei um projeto de apoio no vale do jequitinhonha. Era um plano de apoio às crianças, a construção de uma creche. Busquei minha vida toda apoio para isto. Nunca consegui ninguém que financiasse. E isso só foi possível há oito anos atrás, mais exatamente, no dia de sua formatura, quando fui até o vale do jequitinhonha inaugurar as creches para o projeto que eu sonhei, porque era a única época em que o realizador do projeto junto comigo podia viajar".
Eu gelei. Como eu podia ter feito tudo aquilo? Tornei a realização do sonho de alguém um empecilho, aposto como aquilo o fez sentir mal. E isso refletiu muito na minha maneira de encarar os sonhos dos outros e os meus.
Quem sou eu para julgar o sonho de alguém? Como colocar seus propósitos pessoais frente a frente com sonhos de outras pessoas pode ser maléfico a elas? Eu sei que não sabia o motivo anteriormente, mas obviamente não podia desconfiar do amor ou confiança das pessoas que mais estiveram ao meu lado durante estes anos de vida. E os meus sonhos? Será que um dia isso não ocasionaria mal entendidos como o de meu pai? Será que eu teria que abrir mão de situações como aquela para realizá-los? Eu fiz a minha escolha.
E esta foi a primeira vez que ouvi esta frase: "Metas são sonhos com prazo para realização". Neste contexto, eu aprendi que seus sonhos devem ser respeitados, e não julgados; cada pessoa tem suas aspirações, tem sua vontade. E a missão do líder é inspirar, fazer com que elas cheguem mais próximas daquilo que ambicionam; e principalmente, tornar isso palpável e possível. Que sonhos sejam dissolvidos em metas, para que não existam somente no nosso inconsciente, mas que se tornem o sentido da vida e o único caminho possível para a felicidade.
Desde então, criei metas para aprendizado; criei metas para cada oportunidade que ia abraçar; metas até para minha vida pessoal. E isso se torna um hábito;e a partir daí, os sonhos se tornam parte integrante da sua vida.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As pessoas

Há momentos em que a felicidade toma conta de mim. São os momentos em que eu percebo que minha vida está sendo mudada. Em que eu percebo um avanço, em que eu vejo o crescimento e presencio acontecimentos que vão ficar pra sempre na minha memória. Exemplo disto aconteceu este final de semana, em São Paulo.
Encontrar com pessoas de diversos lugares do país, para conversar e tomar uma decisão que impactará muitas vidas por si só já seria algo interessante. Mas o que mais me impressiona nesta vida são as pessoas.
Eu nunca fui nem serei uma pessoa brilhante. Por pessoa brilhante, eu considero pessoas extremamente boas em algo que fazem, que se tornam únicas no trabalho que realizam. É como se tornassem a vida uma obra de arte, e concedessem sua assinatura a cada momento em que vivem. Tive a oportunidade de conviver com os mais diferentes brilhantismos: o cara que inspira, o visionário, o manipulador, o gerente. E esta situação sempre me intrigou, porque não sabia no que me daria bem na vida.
Num fim de semana, eu vi muitas pessoas brilhantes. Muitas pessoas que admiro, que respeito, e que me inspiram a sempre crescer, para que um dia eu atinja um número de pessoas semelhante ao que eles fazem comigo. São pessoas como as que vi me encarando de cima de um palco, pondo sua cara a tapa por um dos cargos mais sonhados que eu conheço. São pessoas ali sentadas que discutem e mostram um entendimento fora do comum sobre questões fundamentais do mundo, que dão idéias, que querem melhorar o que está fora do lugar.
E esta sempre foi minha discussão: tem muita gente boa no mundo. Onde eu vou me encaixar? Tem lugar pra mim?
Aprendi uma coisa por isso: eu podia não ser o mais talentoso, o mais gabaritado, o primeiro da turma, mas ninguém ia me vencer em matéria de esforço. Por isso, a minha vida toda eu busco aprender, absorver ao máximo. E sempre quando eu acho que estou muito bem, me vem um final de semana com aquelas velhas pessoas brilhantes e eu vejo o quanto eu ainda posso melhorar!
Parece uma ilusão viver assim, parece romântico, mas a verdade é que é uma maneira de se manter sempre com a consciência limpa de que se fez o melhor. E isso é uma barreira contra problemas. Porque eles acontecerão, independente do meu esforço; o que muda é a percepção sobre isto; se eles vão ser difíceis ou fáceis, depende exclusivamente da minha vontade. Afinal, quem torna os dias especiais são as próprias pessoas.
Eu escrevo este texto não como um simples desabafo, mas sim como um agradecimento. Um agradecimento a cada uma das pessoas que inspira outras. A cada uma das pessoas que mudou a minha vida. A cada uma das pessoas que ambiciona que o mundo melhora. E hoje, quando eu volto aqui para o meu mundo, esta outra perspectiva me faz crescer, me faz não ter medo do futuro. E é por isso que mantenho este blog e busco escrever algumas palavras sobre o que espero ter na minha vida. E assim eu fecho um final de semana inesquecível, mas principalmente, que me faz renovar a fé nas pessoas!
"Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos." Albert Einstein

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Coexistir

Conexões lógicas são uma arte exímia. Quando bem feitas, conseguem criar uma rede infinita de sabedoria e de genialidade que explica o inexplicável e explora os detalhes que ninguém consegue ver. Exemplo disso é Sherlock Holmes. Não estou falando isso só porque vi o filme, mas sim porque acompanhei toda a obra e sempre me fascinou a facilidade com que detalhes banais por vezes se tornavam essenciais para a captura ou não de um criminoso.

A lógica nos dá a salvação dos pensadores, daqueles que buscam compreender todos os fatos racionalmente. E é um narcotizante para a nossa mente. O único problema é que a vida em sociedade não existe somente através da lógica, do pensamento, mas sim das interações. E aí começam os problemas e termina o chão.

Inteligência sentimental, interação social e competências em comunidade são o que tornam a teoria distante da prática. O mundo da lógica é o mundo digital, o mundo virtual, o mundo dos avatares. É quando nós controlamos os nossos sentimentos para controlar um corpo estranho, muitas vezes a nós mesmos.

Não é quem você é, mas o que você é. Por muitas vezes, na vida somos obrigados a assumir o papel do avatar. Hoje, você precisa reformular seu orkut para as empresas. Você precisa verificar suas mensagens antes de mandar um email, revisar cada texto que publica. Porque você nessa realidade é um avatar. Você se imagina em terceira pessoa, se vê como os outros te veriam.

É errado? Não sou eu quem vou questionar. Diferentes valores da sociedade tornam a interação de local para local diferente. Por exemplo, para nós não é comum um prostíbulo no meio da cidade. Em Amsterdã, é permitido. Será que o seu avatar tem a mesma cor desta outra pessoa? Será que os dois falam a mesma língua? A lógica é desconexa quando tratamos os diferentes hábitos de cada ambiente. Aí você me pergunta: Por que você está escrevendo isto?

Bom, no fim das contas, todos nós somos tão fragéis como o protagonista do filme que controla seu avatar. No final das contas, podemos ser fortes, grandes caçadores no mundo virtual, mas as fraquezas, as incertezas e as dificuldades nos trazem de volta ao mundo real de cadeira de rodas. No fim das contas, o papel que representamos não é o que somos. E por isso, somos levados todos os dias a desafiar a lógica. A quebrar as correntes, mudar paradigmas. Tudo isso acontece porque podemos.

Ser um Sherlock Holmes, um lógico, visionário, deve ser fantástico. Mas ele não deixa de ser um avatar, porque não mostra suas fraquezas. É vencedor aquele que tem a sua alma o mais próximo possível do seu corpo. Isso é real. Tentar vencer, crescer a cada derrota, e ter orgulho de suas cicatrizes de guerra. Porque a sua alma sempre vai ser mais importante que o seu avatar. E quem tem essência não se curva ao seu avatar. Simplesmente coexiste.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

E eu to voltando pra casa!

Férias na praia, reveillon em copacabana, e muita leitura pra preencher a cabeça!

Andei lendo uma série de livros, como principais 2012, a biografia do obama e os sete hábitos das pessoas mais eficientes.
Neste último ano, me confrontei com uma política interna de me exigir muito. Correr atrás ao máximo, sacrificar minha vida pessoal. Tudo começa lá nos EUA.


Em dezembro do ano passado, embarquei para uma aventura em South Lake Tahoe, California, EUA. Minha primeira experiência no exterior de intercâmbio e um emprego nada animador: Tent Coordinator. Parece bonito? É, só parece. Passava o dia cuidando do equipamento de Ski de crianças de 7 a 12 anos, chamados explorers! Foi uma bela lição de vida sobre subordinação, e aprendendo uma diferente cultura profissional e pessoas extremamente diferentes. E peguei uma das piores temporadas para ganhar dinheiro. E obviamente, passei um aperto. Mas nunca desanimei, pois via amigos ao meu lado sendo demitidos e em situação muito pior.
Então comecei a economizar, e a aprender a ser resiliente. Todos os dias, eu buscava comer o almoço que sobrava das crianças que trabalhava. Era normal, os instrutores tinham este direito, e se todos comessem, eu podia comer!
E começaram os problemas. Tinham instrutores que não me deixavam comer, que me zoavam, tinha chefes que me criticavam e que preferiam jogar a comida fora a vê-la no meu prato. Não que eu não tivesse condições de comprar minha comida, mas já havia exigido tanto esforço dos meus pais que não queria contar com mais nenhum centavo deles. Foi aí que aprendi: se eu não trabalhar por mim mesmo, ninguém vai trabalhar por mim. E voltei para o Brasil com este sentimento.
Voltei assumindo uma liderança na AIESEC, que nunca tinha vivido anteriormente; conseguindo um estágio e com minha faculdade. E lá estava eu vivendo. Passava o dia todo longe de casa, estudando ou trabalhando, e me dedicava plenamente ao meu trabalho. E sendo que eu já não sou um exímio gestor de tempo, duas semanas depois de voltar recebo uma mensagem no celular de minha mãe: meu filho, você já voltou dos EUA?
Aquilo realmente mexeu comigo. Passei a dedicar todos os dias pra pelo menos almoçar com minha família. E mal sabia eu o quanto isso iria mudar minha vida.
Pra ser sincero, meus pais nunca aprovaram meu trabalho voluntário. Eu era muito desesperado, e não sabia lidar com os problemas. E gastava muito tempo para fazer muito menos do que faço hoje. E esta sempre foi minha grande luta dentro de casa: fazer com que aceitassem este trabalho e me apoiassem.
No dia 13 de maio de 2009, logo após a CONADE, conferência da AIESEC, fui almoçar em minha casa. Era uma quarta-feira. Meu pai não havia chegado do trabalho ainda. Foi quando eu escutei a porta abrindo. Eu sabia que era ele, pelos passos cansados e já não tão vigorosos quanto antes. Foi então que algo cresceu no meu coração. Eu senti uma vontade imensa de dar um abraço no meu velho. Me levantei, falei com o pessoal que estava na mesa: eu vou receber meu pai como ele deve. E dei um forte abraço, perguntei como havia sido seu dia, como ele estava passando. Ele sorriu, cansado, e sentou à mesa. Foi então que comecei a falar da conferência, de tudo que estava aprendendo, do que estava projetando pro meu futuro. E vi os olhos dele brilharem. O homem que sempre quis um diplomata, me aprovou. Eu fui guardar a sobremesa e olhei de soslaio para a mesa e o vi comentar com minha mãe:"e não é que este negócio dá futuro?". Fui embora realizado, e lhe dei um abraço, voltei para a faculdade.
No dia seguinte acordei, ele já tinha saído para um de seus trabalhos voluntários: cuidar da fundação espírita joão de freitas, onde ele atuava cuidando dos idosos da instituição. Fui ao trabalho, tive um dos melhores dias (assinei três contratos), e voltei para casa a noite. Tal foi minha surpresa com minha mãe correndo para o carro dizendo que meu pai estava passando mal. Não hesitei, corri, entramos em alta velocidade e fomos ao hospital. Já não tinha mais jeito. Como se toma o doce de uma criança, a referência de homem na minha vida se foi.
E não tinha reação. Quando escutei o médico, eu só pensei em abraçar minha mãe e no que eu falaria para meu irmão quando voltasse pra casa. E foi o momento mais difícil da minha vida: sentar no sofá ao lado do meu irmão pra explicar o que havia acontecido com o pai dele. E naquele momento, vieram na minha cabeça o meu comportamento nos últimos tempos e como eu queria levar minha vida dali em diante. Eu também era pai agora, eu tinha uma mulher pra apoiar, e tinha uma família. E tudo aquilo que aprendi me pareceu tão útil agora, porque eu tinha que garantir que ia trabalhar para meu futuro. E ao mesmo tempo, tinha que viver!
E foi o ano mais desafiante da minha vida. Grandes resultados no trabalho, grandes desafios familiares, grande crescimento. E isso me dá forças pra acreditar que é possível, sim, trabalhar e ter uma vida pessoal equilibrada.
A lição que ficou para mim de 2009? Se este ano não me derrubou, eu não vou desistir nunca mais. E que me carimbem de sonhador, romântico, porque é isso que me dá forças pra levantar a cada dia da minha vida.
E sou confrontado com duas espécies de experiências: um livro que comprei no sebo diz: "Como ganhar tempo - otimizando a sua vida". Um explicativo sobre como tornar sua vida mais rápida e perder menos tempo com coisas menos importantes. Deixei ali na minha estante, já ia começar a ler. E na antiga cômoda do meu pai, encontro um livrinho interessante. "Perca tempo: a vida acontece nas pequenas coisas". Eu olho para o meu livro, recém-comprado no sebo, e não tenho dúvidas: fica para a próxima!
E passo uma semana na praia conversando com minha família, vou ao rio e escuto as histórias da amigas da minha mãe, que já viveram tanto, vejo os fogos do ano novo... e fica em mim a certeza. O ano passou, eu fui a vários lugares, aprendi muita coisa, mas quando eu paro pra refletir eu percebo a minha metáfora.


Randy pausch diz que na vida, tudo se aprende por head fakes. A aula de matemática, por exemplo, não quer te ensinar a simples ação de somar ou multiplicar. Quer na verdade instigá-lo a uma conexão lógica de processos e operações que estimule o seu cérebro.
A minha headfake é cada vez que eu saio de casa. Não é simplesmente o momento da minha viagem. Não é o congresso que eu busco. Não é o momento em que viajei com meu pai pela última vez. Mas sim o que eu trago de volta pra minha casa, o que fica comigo. A minha bagagem.
É a minha maneira de relacionar minhas experiências com minha essência.
E ter a certeza de que cada uma destas viagens no seu tempo criou o Léo que escreve aqui hoje!
E eu to voltando pra casa, outra vez!