domingo, 27 de dezembro de 2009

Princípios x tendências


Férias é realmente um tempo de ócio que nos permite refletir e perceber algumas coisas ao redor.
Andei revendo alguns de meus filmes prediletos, que acabaram se juntando numa cadeia de conclusões que se junta ao livro que estou lendo no momento, "Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes", de Stephen R. Covey.
Em "De volta para o futuro" (aquele mesmo da trilogia, robert zemeckis, spielberg), passei de 1855 a 2015 em oito horas da série. E me fizeram perceber algumas mudanças que passaram pelos nossos olhos sem perceber.
A vida sem computador. A vida sem walkman. A vida sem discman. A vida sem internet. A vida sem o modem da internet 3G (haha, esta é nova).
E isso tudo me fez perceber que na maioria das vezes avaliamos o mundo de uma ótica cultural. A partir das tendências. E não a partir dos princípios.
O que raios isso quer dizer?
Quando pensamos em relações interpessoais, pensamos em como as pessoas se relacionam conosco. Sempre há algum ponto em comum: na escola, o primeiro ponto comum são os desenhos e interesses da criança; na faculdade, o objetivo de seguir carreiras semelhantes; nas amizades de infância, relações entre pais e proximidade de moradia; todas as relações interpessoais se conectam por conveniência. O que vem mudando hoje em dia? A possibilidade de você se conectar numa rede de web que propicia pessoas que você nunca viu, mas que se conectam por uma comunidade do orkut ou twitter. Uma relação virtual, mas que pode ao mesmo tempo ser sincera e próxima. Uma relação de afinidade.
Aonde quero chegar com isso? Isso tudo provém de uma tendência. O real objetivo das relações interpessoais é, numa vida essencialmente em sociedade, ter a habilidade de perceber as diferenças entre as pessoas e conectá-las não a objetivos individuais. Mas sim aos coletivos. E se emocionar com cada um dos objetivos alcançados que impactem no mesmo objetivo coletivo. Por isso, deveria ser nossa felicidade a cada vez que algum vizinho consegue um emprego, ou que alguém participe de um projeto social, que alguém busque melhorar a sociedade em que vivemos.
Por isso, eu acredito na sociedade fraterna, baseada não nos interesses individuais, mas sim nos coletivos, pois ninguém consegue ser bem sucedido na vida sozinho: tudo é feito através de relações. E me impressionou este pensamento, eu liguei a TV pra ver o jogo do zico e do romário, virando os canais, lá estava o gancho que eu precisava pra ter inspiração para escrever.
O novo clipe de Britney Spears, entitulado "3", uma incitação clara a uma relação sexual a três, ou quatro, enfim, uma "festinha" com batida dance. Longe de mim julgar, ou achar bom ou ruim. Mas sim, num tempo em que discutimos COP-15, sustentabilidade, futuros líderes, a nossa tendência cultural apontar para uma sociedade que se baseia em dinheiro, sexo, luxúria, e mostrar que o bem sucedido é aquele que mais tem a possibilidade de viver estes sentimentos. Ontem, na boate aqui em cabo frio, a mesma coisa: os hits são "love, sex and magic" e "sexy bitch". Realmente inspirador.
Obviamente, não vou julgar ou achar isso um absurdo, é muito moralista pro meu gosto, até porque eu gosto de várias músicas. O que eu pretendo por essas linhas é incitar que preparemos nossas tendências culturais não somente como uma maneira de se libertar sábado a noite, mas que também nos incitem a discutir o que realmente vai influenciar nosso futuro.
A solução? Eu não tenho. Mas espero que ao ler este texto, você também se incomode. E que possamos criar o futuro coletivamente. Porque há décadas, convivemos com as tendências, e devemos aprender a usá-las a favor.
Porque o único elemento permanente de nossas vidas é a mudança. E quando elas vierem, é importante que tenhamos nossos valores e princípios claros.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Dona néia??

Cheguei hoje pela madrugada a Cabo Frio. Já tinha um bom tempo que não vinha, não por não querer, ou achar ruim, dado que este é o local que mais me lembra minha infância. Desde o bueiro em que eu quebrei o braço no pátio do condomínio até a primeira queimadura de água viva, é como se este lugar me levasse às origens a cada minuto. E este ar não mudou. O que me impressionou foi outra coisa.
Ao chegar na rodoviária, às sete e meia da manhã, já dava pra notar as diferenças. Pra começar, o taxista me aliciando, querendo que eu pagasse a mais e o taxímetro rodando rápido demais. Nada que não esteja acostumado, mas foram raras as ocasiões em que isso aconteceu aqui. Ou seria eu tão inocente assim?
Cheguei ao meu destino, e nova surpresa: o antigo condomínio residencial simples, em que eu fico desde que me entendo por gente, já não era como antes. As gradinhas verdes foram substituídas por um grande portão negro duplamente reforçado. O banco em que eu sentava e fica proseando deu lugar a duas cadeiras destinadas aos porteiros, que por sinal nunca existiram por aqui. E um grande cartaz indicava: "É proibido jogar bola no pátio". Todos meus 18 anos que passei naquele pátio não seriam nada sem uma bola e meninos irracionais a jogar. E isso porque nem me lembro da dor quando quebrei o braço, só lembro que eu estava brincando de carrinho de mão.
E a surpresa: um interfone no portão. Toquei, apareceu um cidadão que nunca vi, e perguntou aonde eu ia. Eu falei:
- Vou ali no apartamento da dona Elaine, ela é minha mãe e está com meu irmão Tomás aí.
- Qual o número do apartamento?
A pergunta me surpreendeu, porque num condomínio com dez apartamentos, sempre foi esperado que todos os habitantes se conheçam, dado que todos vem ao mesmo lugar tem uns 20 anos. Eu cresci vendo estas pessoas.
- Desculpa, amigo, esqueci de perguntar no telefone. Você os conhece?
- Sem número de apartamento fica difícil.
E lá fui eu, me encaminhando para o orelhão, liguei mas ninguém atendeu. Ora bolas, é férias, é praia, eu também não atenderia. Voltei ao portão e me dirigi ao cidadão novamente:
- Amigo, eu não consegui falar com eles. São sete e meia da manhã, no mínimo estão dormindo.
- Você é filho de quem?
- Dona Elaine, meu amigo.
- Ok, vou verificar aqui.
E tirou uma caixa de fichas com os hóspedes. Me impressionou porque o rapaz não fez aquilo antes, mas vai saber, não custava nada, dado que neste momento cumprimentei um amigo meu que sempre passa férias aqui e conversávamos quando veio o grito:
- Dona néia?
- Amigo, é dona Elaine.
- Eliane matos?
- Elaine amigo.
- Não tem nenhuma néia aqui.
- É ELAINE - falou meu amigo, com muito menos paciência que eu.
- Elaine, Tomás, e Leandro?
- Leonardo, amigo, leonardo.
- Ok, pode entrar.
Depois de quase vinte minutos, consegui entrar no condomínio. E ali estava eu: pátio vazio, ninguém jogando bola, e todo mundo aqui em casa dormindo.
O que fica de impressão pra mim é que tudo aquilo que eu vivi não existe mais. Passar o tempo quebrando meu braço ali no pátio, sentado no antigo banquinho jogando poker, chamando os amigos pra entrar, tá tudo lá atrás. Entendo os motivos, pela segurança, pelo bem estar da sociedade, mas senti que um reduto da minha infância foi tirado de mim. Que todos nós somos reféns do bem da sociedade, pelo futuro. Mas espero que um dia a gente possa mudar isso. Até lá, vou lembrar sempre do meu pai falando que não mudava lá de casa pra não ter porteiro. Fica a mensagem pra todos um feliz natal, e que possamos nos lembrar daquilo que nos torna uma sociedade: a possibilidade de convívio e troca de experiências plena em um ambiente comum, ou a necessidade de se proteger em conjunto usando alguém pra esconder a dona néia.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Só enquanto eu respirar!

9 de novembro de 2009
Há certos momentos que fazem você se tornar uma pessoa diferente. Você pode não perceber na hora, mas depois de um tempo de digestão isso se torna evidente.
No último mês, enquanto viajava, eu tomei uma decisão: Iria conhecer o escritório da AIESEC Internacional. Era algo conveniente, já que estaria por ali perto, mas simbólico. Simbólico porque pode não significar muito pras pessoas em geral, mas extremamente interessante pra minha motivação individual como líder, envolto numa série de perguntas pós eleição que me tiravam o sono.
Quais são seus pontos fortes? Quais são seus pontos a melhorar? Quais é sua motivação para o próximo ano? Qual a sua importância para o time? Uma série de idéias, juntas a um tempo complicado na faculdade e alguns meses sem férias tinham me esgotado.
Foi quando eu tomei a decisão de ir a Rotterdam. Comecei o meu final de semana na casa de Cye, um antigo trainee da @JF. Uma família com um ótimo clima, uma cidade bem "holandesa" como num caricato de filme. Ruelas, bicicletas, bom clima. Saí a noite, tomei as bebidas holandesas típicas, fui a show de salsa, bati uma pelada, tomei meu Hagen Dazs e fui a um pub. Foi quando na internet, fui conectado a Frank, AI VP ER, que foi até o pub em que eu estava. Me impressionou a prestreza dele, em pleno domingo, oito horas da noite, sair para encontrar um maluco brasileiro em rotterdam que nunca havia conversado com ele direito. Mas o papo fluiu normalmente: como se nós já se conhecessemos, objetivos em comum, histórias diferentes, mas a mesma língua. E combinei de no dia seguinte ir até o escritório da AIESEC Internacional.
Cruzando as ruas de Rotterdam, entre fábricas da Unilever, o porto, ING, eu me sentia uma criança procurando o presente no natal.
Subi as escadas, fui recebido pelo Frank no escritório e entrei. Nada demais, mas me chamou a atenção como cada um deles me tratou. Chamar pelo nome, abraçar, conversar por alguns momentos, me incentivar. E daí saiu este vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=xPyK2hj_A3c



Saí de lá renovado. Sem o gabarito pras perguntas que eu tinha, mas com uma certeza: vou me esforçar ao máximo para garantir um bom trabalho. Porque um dia, eu quero mover as pessoas como fui movido. Porque eu quero ver cada uma das vidas que eu afeto sendo mais felizes. Eu quero chorar quando errar, mas ter a certeza de que aquilo não vai mais acontecer. E me tornar um entusiasta da vida. Alguém, que como eles, trabalhe para que as pessoas lutem para ser algo melhor.
Com toda a motivação do mundo, mesmo depois de um mês, amanhã começa a CONAL. E a sensação de que esses sonhos que tenho estão mais perto da realidade.
Post demorou a dar upload, mas ainda vale! Depois posto sobre CONAL!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Epílogo

São vinte e duas horas e trinta e dois minutos. Eu chego no aeroporto de Schippol, Amsterdã, preparado pra dormir mais uma noite. Dormir não, encostar na poltrona mais próxima, me enrolar no casaco e tomar conta da minha mochila. É minha viagem de volta da realização de um sonho de criança.
Eu me lembro como se fosse ontem. Meu pai me pegou pela mão, me levou pro aeroporto aqui de Juiz de Fora. Foi só um voo. Eu sobrevoei a cidade ( o que qualquer um que conheça sabe que não dura muito tempo). Mas eu lembro perfeitamente do meu pai olhando pra mim e dizendo: "Meu filho, que este seja o primeiro de muitas realizações dos seus sonhos."
E desde então, a minha vida foi se pautando em sonho a sonho. É isso que me mantém vivo quando eu estou achando que nada vai dar certo. É muito ideológico, muito distante, muita gente me diz. Mas pra mim faz todo o sentido, porque se eu morresse hoje, eu iria feliz de ter lutado por cada um dos meus objetivos.
- Sir, apparently you don't have a reservation. Report to the desk.
Sim, as quatro da matina da minha ida de volta, meu eticket acusa. Lá vou eu pro balcão, brigar de novo. Dura longos vinte minutos, mas eu sou muito bem encaixado no meio de dois senhores um tanto quanto corpulentos como eu. Bem ali, na rabeira do avião.
Aí lá vou eu, de novo de mãos dadas com meu pai, agora pro sítio. Ele olha pra cada uma das plantas e me ensina a plantar minha própria muda. Me explica cada uma das propriedades das plantas, como regar. Não a toa, isso me ensinou em todas as minhas viagens a trazer sementes que possam brotar no país. E, acreditem, eu realmente aprendi alguma coisa com isso. Não adianta regar lindões botões de flores, que não vão florescer num clima tropical se você não tiver o máximo cuidado na hora de escolher o que você quer levar. Nem sempre o que você quer é o que vai florescer no seu jardim, meu filho.
- Sir, apparently i don't have a seat.
Sim, eu não tenho um assento. Estou olhando para o número assinalado na minha passagem, e só está na minha frente uma armação de ferro sem lugar para colocar minha bunda.
- Ok, monsieur, just a minute!
Os brasileiros ao redor fazem piadas nos próximos vinte minutos, que atrasam também a decolagem do avião por causa do assento.
E lá estou eu pensando novamente na primeira vez que fui escolher meu futuro curso. Eu cheguei para os meus pais com a seguinte decisão:
- Eu quero filosofia, sociologia ou psicologia. Tem mais a ver comigo.
E mais uma vez, no momento em que eu parei de falar, meu pai retrucou:
- Tudo bem, meu filho. Não tenha medo de escolher sua profissão, desde que você garanta que vai ser feliz naquilo que faz e um cidadão de bem.
Eu fiz uma escolha diferente do que eu pensava, mas sempre contei com apoio total da minha família. E isso fez uma grande diferença pra mim: eu escolhi trilhar este caminho. Eu me sinto muito mais disposto hoje a lutar, porque a luta agora é minha, e é pro resto da vida!
- Eu preciso sair, não aguento voar.
Sim, a mulher do meu lado tem pânico de voar. Eu preciso levantar a cada dez min, o que inviabiliza qualquer tentativa de dormir. Agora já são mais de 30 horas sem sono decente. E estou tossindo como um cão, devido a diferença de temperatura e umidade do ar.
Minha cabeça se volta pra primeira vez em que fui a um jogo do vasco. Curiosamente, era a taça libertadores, a final. Eu estava mt doente, mas bati meu pé e resolvi ir. E lembro do meu pai, com aquele semblante de médico, do meu lado, tomando cerveja na cabeça encostado no alambrado. Preocupado, mas foi o primeiro a me por nos ombros quando o meu time venceu.
- O próximo onibus sai em dez minutos, na terceira plataforma a esquerda no corredor direito. Se guie pelas luzes de segurança.
Sim, a rodoviária está as escuras pelo apagão. E tenho dez minutos pra correr pelo tumulto para finalmente repousar em minha casa. O caos reina, os policias não sabem o que fazer, um turbilhão de pessoas não consegue comprar passagens pois o sistema está fora do ar.
Mas eu consegui finalmente chegar na minha casa. às duas da manhã, eu consigo pela primeira vez em 53 horas colocar minha cabeça no travesseiro e dormir. Mas impressionantemente, eu não consigo.
Só consigo pensar que realizei meu sonho de infância. E não era conhecer lugar nenhum. Não era viajar. Nem comprar mais uma planta. Nem desafiar minha saúde.
Minhas lembranças só remetem ao maior professor que eu tive na minha vida. E por isso eu criei minha própria head fake, já diria randy pausch. O tempo que eu gastei lembrando e escrevendo sobre isso não é pra mim. É sim uma homenagem. A viagem não é pra mim. Mas sim pra você, pai.
E lá se vão seis meses.

sábado, 10 de outubro de 2009

O verdadeiro líder




Steve Irwin, o "caçador de crocodilos", morreu em 2006, mas deixou uma lição essencial sobre como enfrentar as dificuldades da vida. No trecho abaixo, Steve conta com as próprias palavras porque passou sua vida se arriscando entre crocodilos e tubarões gigantes em busca de algo mais do que aventura.






"O que parece perigoso para os outros é muito fácil para mim. Não conheço outra vida.
Eu tinha 9 anos quando peguei meu primeiro crocodilo, e esta é uma das melhores lembranças da minha infância. Tudo o que sempre quis foi ser como meu pai - ele é meu herói, uma grande figura e também o personagem mais influente da minha vida.
E o que eu fiz foi imitá-lo em todas as etapas do caminho. Eu costumava observá-lo capturando crocodilos e cobras venenosas, nadando com tubarões e todos os tipos de bichos selvagens. Durante anos, eu o vi pegar crocodilos - na verdade, eu o ajudava, segurando o holofote. Existem divesos métodos de se pegar crocodilos: os pequenos, você pode mergulhar e prendê-los embaixo d'água, ou pode pegá-los com armadilhas, ou laçá-los. O caso é que eu via meu pai fazer tudo isso e, nessa missão específica, estávamos no Golfo de Carpentaria, no norte da Austrália, para pegar seis crocodilos de água doce. Eu mexia na água e... bum! Via seus olhos brilhando, mostrava para meu pai e ele ia com o barco para cima deles. Depois eu apontava o holofote para o crocodilo e meu pai pulava do barco, segurava e imobilizava o animal, e o jogava para dentro.
Seja como for, pegamos cinco crocodilos e depois lá estava o número seis, o último. Eu disse: "Lá está ele, papai! Eu o localizei!" E ele respondeu: "Certo, filho. Largue o holofote. Você vai pegá-lo."Fiquei em choque. Dá para imaginar como me senti orgulhoso por ele me dar essa oportunidade. Então fiquei de pé na proa do barco. "Vou pegá-lo papai! Vou pegá-lo!" E ele:"Shh... Calma, calma."
E nos aproximamos cada vez mais. Papai posicionou o holofote por cima de meu ombro, direto sobre o crocodilo, e quando ele ficou ao meu alcance, meu pai gritou: "Agora!" Eu simplesmente mergulhei direto em cima dele, segurei o animal pela pele do pescoço - exatamente como vira meu pai fazer umas mil vezes - e aguentei firme.
Mas o que eu não sabia era o quanto eles são fortes debaixo d'água. O bicho se debatia, então me abracei a ele: fui jogado de um lado para outro em águas profundas e turvas no meio da noite. Eu me lembro de ver clarões do holofote de papai, de estar debaixo d'água, quase sem ar, achando que ia me afogar - mas de maneira nenhuma soltaria aquele crocodilo.
E, quando achava que ia desmaiar por falta de ar, senti o braço de papai por baixo de mim: ele nos puxou a ambos e nos colocou no barco. Foi o primeiro crocodilo que capturei com as próprias mãos, e venho fazendo isso desde então.
Meu pai estimulou meus instintos. Ele me deixou cometer erros, me observou, e acho que chegou à conclusão de que eu era capaz de fazer coisas com animais selvagens que ninguém mais seria. E, na verdade, o que aconteceu foi que logo eu o superei. Eu sempre o considerei meu mentor, mas o melhor presente que ele me deu foi deixar meus instintos aflorarem, e alimentar essas aptidões."

A lição de Bob Irwin, pai de Steve, é um ensinamento a quem pretende ser um líder. Se você torna desde o início para o mundo que o impossível não existe, que o difícil é natural, e trata com simplicidade problemas que para outros são um grande empecilho, não há limites. Steve não pensava que os crocodilos e tubarões eram uma ameaça, por ver que o seu exemplo de vida, seu pai, encarava aqueles animais com naturalidade e capturá-los como um fato corriqueiro.

Steve pulou para pegar seu primeiro crocodilo, mas sempre pode contar com a luz do holofote de seu pai e sua mão quando precisava. A maior realização de sua infância, e que modificou todo o rumo de sua vida, foi na verdade a oportunidade de se testar e descobrir seus limites.

E seu pai sempre estimulou o talento natural de Steve. O deixou errar, o observou, mas sempre esteve ao lado de seus sonhos e incentivando o menino que cresceu acostumado com o máximo. O máximo de desafio, o máximo de perigo, o máximo de desenvolvimento. E assim, se tornou o maior ambientalista do mundo em alguns anos, e dedicou sua vida a este propósito.

A vida de Steve Irwin é uma lição aos futuros líderes, pois o líder de hoje não é o que se impõe, e sim o reconhecido. O líder por exemplo, que toma atitudes e se põe a frente nas dificuldades que seu time enfrenta, e cria respeito através de sua índole e imagem.

Portanto, da próxima vez que achar que não vai conseguir, não pense nos que não conseguiram. Não pense nos crocodilos, nem nos tubarões. Pense em cada um daqueles que você inspira pela sua atitude, e todas as pessoas que seriam estimuladas por você, como Steve foi com seu pai.

Seja o verdadeiro líder.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Notícia enquanto forma de conhecimento

Na era do Twitter e da queda do diploma de jornalista, vem a calhar a discussão sobre a notícia enquanto forma de conhecimento.
A recente anexação da web 2.0 e das possibilidades inúmeras de participação e interação do espectador torna o trabalho do jornalista uma minuciosa arte de trabalhar o fato de um modo que ele se destaque ou que agregue valor à pessoa que lê a notícia. Caso contrário, o jornalismo se torna uma atividade supérflua e marginal em relação ao público.
A queda do diploma da profissão só veio corroborar a nova era da informação, a era dos dados. Como o texto diz, o jornalista deve saber conduzir a notícia com o "conhecimento de", a sua forma de interpretar proveniente de experiências sociais prévias, ao "conhecimento acerca de", sua capacidade crítica e de lógica da análise do fato em questão. Quem consegue unir estas duas características tem a garantia de um público fiel e que realmente valorize o valor do trabalho jornalístico.
Numa profissão que já cometeu muitos exageros, sensacionalismos e erros de apuração, qual o diferencial que leva o leitor a procurar um jornal em detrimento do twitter da fonte? Seja por ironia ou contradição, o que antes era o maior antagonista da profissão agora é seu diferencial: a interpretação do autor da notícia. Se antes se lutava com unhas e dentes pelo jornalismo frio e imparcial, o futuro nos revela que o jornalismo interpretativo é o único caminho possível para a nossa atividade.
E não é só interpretar a seu modo, como os manipuladores de antigamente. Tente enganar seu público, e tudo que o profissional ganha é um nome sujo e propagado em todos os meios de comunicação como anti ético. Vide o impacto da discussão Record x Globo, ou do número de leitores que a Veja perdeu por sua parcialidade.
Robert Park levantou a discussão ideal num tempo diferente, mas que é muito útil para discussão e reflexão no Jornalismo para todo e sempre. Em tempos de nebulosa turbulência no ramo, reforçar a notícia enquanto forma de conhecimento é alento a nós jornalistas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Jornalista x Comunicólogo

A função do jornalista na sociedade sempre teve uma grande relação com a sua contemporaneidade, pois é o que torna o profissional dinâmico e um termômetro do seu habitat.
A antiga função do jornalista, engessada e propensa à relação burguesia x proletariado, impedia o leitor de uma participação ativa na produção jornalística. A época do fordismo trouxe para a profissão a divisão do trabalho e uma hierarquia que prevaleceu nas redações muito tempo.
O propósito passa a se modificar a partir da anexação do lean thinking. A grande essência do toyotismo veio trazer ao jornalismo um pensamento mundial: otimizar processos e garantir resultados sustentáveis. O jornalista agora era um profissional dinâmico, que ao mesmo tempo devia se tornar um expert em economia e um ótimo redator, pronto a apurar matérias das mais diversas, eclético e ciente de que só a versatilidade garantiria um lugar na redação.
Mas o leitor continuava engessado sob uma ótica de receptor passivo. Com o surgimento da web, o jornalista não tinha mais como ignorar o seu público. Não podia-se mais ludibriar com falsas informações ou com políticas editoriais parciais e contraditórias ao que se considerava ético.
Na era da web 2.0, da queda do diploma, dos freelancers e PJ (pessoas jurídicas), o jornalista de hoje é o formador de opinião, aquele que possui embasamento para modificar pessoas e causar um impacto na sociedade.
E por incrível que pareça, o futuro do jornalista não está na exerção da função do jornalista. O que vemos agora é cada vez menos jornalistas, e mais comunicólogos. Maiores especialistas na formação de opinião, estudo das relações interpessoais, criação de conteúdo relevante, e menos daquele profissional clássico que apura suas matérias e as redige.
Quem pensa em jornalismo contemporâneo, pensa em marketing, relações públicas, relações externas, comunicação. Um profissional completo que garanta a continuidade da função para a próxima geração.

sábado, 26 de setembro de 2009

Really achieving my childhood dreams

Há algum tempo, eu vinha procurando algo que me motivasse e me guiasse como uma filosofia de vida.
Foi quando eu encontrei a última palestra de Randy Pausch.
Randy Pausch era professor universitário na Carnegie Mellon, que descobriu que estava com um câncer que o mataria em poucos meses, irremediavelmente. Ele passou então a criar algumas palestras, chamadas as últimas palestras, onde ele discorria sobre o sentido da vida e como ele havia agido para atingir seus sonhos e realizar-se.
Randy morreu em 25 de julho de 2008, mas desde o começo do ano sua palestra não sai da minha cabeça. Aconselho todos à se permitirem uma hora de sua vida para assistir à palestra que mudou o meu pensamento, minhas ações, e que é uma grande reflexão sobre os temas paixão x carreira, que atingem muitos universitários hoje em dia.

Para assistir à Really achieving my childhood dreams:


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Jornalismo de serviço

Quebrando os paradigmas do jornalismo convencional, o jornalismo de serviço veio trazer a sua função social à tona. Mas ao contrário do que parece, não é um simples utilitário pra preencher páginas ou reforçar a imagem do bom jornalista, amigo da população.
Prestar serviço pelo jornal impresso é, como afirma Marques de Mello que ele "surge no limiar da sociedade da informação" é reforçar a imagem humana da profissão. É uma forma de dizer ao seu leitor: nós estamos de olho, nós estamos te ouvindo. Se a era do Ipod trouxe a superinformação, o jornalismo de serviço se assemelha a um lorde inglês andando pelas ruas de Nova York nos dias de hoje. Se todo mundo anda para cima e para baixo com seus Ipods, não escutando o mundo a sua volta, o lorde é aquele velhinho que insiste em dar bom dia no elevador, ser simpático com as pessoas, e mostrar que por mais que se forme uma sociedade virtual, todos vivem no mesmo mundo real.
"Boa parte das pessoas que leem o jornal num determinado dia procura ali informações úteis para a vida", parafraseando Marcelo Leite, é a síntese do jornalismo de serviço. E quando ele erra, o leitor percebe. Há algum tempo atrás, aconteceu um vazamento em frente ao local onde moro. Na dúvida, obviamente fui até o jornal descobrir o número que deveria ligar. E o número estava errado. Conclusão? A partir de agora, pratico minhas buscas no Google, perdi a confiança no jornal, assim como várias outras pessoas que conheço que perderam sessões de cinema, que viram matérias mal apuradas. O mau uso do jornalismo, como vemos, pode ser um fator negativo.
Sou assinante de dois grandes jornais, um nacional e um local, e sempre busco neles informações rápidas e úteis. Mas, de uns tempos pra cá, eu sou um adepto do google. Isto reforça um sentimento: até para ser voluntário o serviço deve ser bem feito, caso contrário não deve-se oferecê-lo, pois põe-se em dúvida a imagem do jornal.
E no meu momento ápice de revolta, descobri há uma semana que fui aprovado no vestibular há dois anos atrás numa universidade do Rio, via google. Mas como só acompanhava o resultado pelo jornal, descobri tarde demais. Da minha revolta, exponho o seguinte ponto de vista: se for para prestar serviço, que ofereça não uma gentileza, ou cortesia, mas sim um contrato de confiança com o seu leitor. Caso contrário, o jornalismo de serviço será sepultado pelo "Google it".

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O novo mundo. E você com isto?


"Por não saber que era impossível, ele foi lá e fez"










Inauguro este blog com o intuito de poder expôr conteúdo relevante e contribuir com o leitor que acessa este endereço.
Espero que através dele possa dividir minha experiência e influenciar pessoas para causar alguma reflexão e impacto na vida delas.
Amanhã iniciam-se os posts!
Obrigado!
Leonardo Civinelli