sábado, 10 de outubro de 2009

O verdadeiro líder




Steve Irwin, o "caçador de crocodilos", morreu em 2006, mas deixou uma lição essencial sobre como enfrentar as dificuldades da vida. No trecho abaixo, Steve conta com as próprias palavras porque passou sua vida se arriscando entre crocodilos e tubarões gigantes em busca de algo mais do que aventura.






"O que parece perigoso para os outros é muito fácil para mim. Não conheço outra vida.
Eu tinha 9 anos quando peguei meu primeiro crocodilo, e esta é uma das melhores lembranças da minha infância. Tudo o que sempre quis foi ser como meu pai - ele é meu herói, uma grande figura e também o personagem mais influente da minha vida.
E o que eu fiz foi imitá-lo em todas as etapas do caminho. Eu costumava observá-lo capturando crocodilos e cobras venenosas, nadando com tubarões e todos os tipos de bichos selvagens. Durante anos, eu o vi pegar crocodilos - na verdade, eu o ajudava, segurando o holofote. Existem divesos métodos de se pegar crocodilos: os pequenos, você pode mergulhar e prendê-los embaixo d'água, ou pode pegá-los com armadilhas, ou laçá-los. O caso é que eu via meu pai fazer tudo isso e, nessa missão específica, estávamos no Golfo de Carpentaria, no norte da Austrália, para pegar seis crocodilos de água doce. Eu mexia na água e... bum! Via seus olhos brilhando, mostrava para meu pai e ele ia com o barco para cima deles. Depois eu apontava o holofote para o crocodilo e meu pai pulava do barco, segurava e imobilizava o animal, e o jogava para dentro.
Seja como for, pegamos cinco crocodilos e depois lá estava o número seis, o último. Eu disse: "Lá está ele, papai! Eu o localizei!" E ele respondeu: "Certo, filho. Largue o holofote. Você vai pegá-lo."Fiquei em choque. Dá para imaginar como me senti orgulhoso por ele me dar essa oportunidade. Então fiquei de pé na proa do barco. "Vou pegá-lo papai! Vou pegá-lo!" E ele:"Shh... Calma, calma."
E nos aproximamos cada vez mais. Papai posicionou o holofote por cima de meu ombro, direto sobre o crocodilo, e quando ele ficou ao meu alcance, meu pai gritou: "Agora!" Eu simplesmente mergulhei direto em cima dele, segurei o animal pela pele do pescoço - exatamente como vira meu pai fazer umas mil vezes - e aguentei firme.
Mas o que eu não sabia era o quanto eles são fortes debaixo d'água. O bicho se debatia, então me abracei a ele: fui jogado de um lado para outro em águas profundas e turvas no meio da noite. Eu me lembro de ver clarões do holofote de papai, de estar debaixo d'água, quase sem ar, achando que ia me afogar - mas de maneira nenhuma soltaria aquele crocodilo.
E, quando achava que ia desmaiar por falta de ar, senti o braço de papai por baixo de mim: ele nos puxou a ambos e nos colocou no barco. Foi o primeiro crocodilo que capturei com as próprias mãos, e venho fazendo isso desde então.
Meu pai estimulou meus instintos. Ele me deixou cometer erros, me observou, e acho que chegou à conclusão de que eu era capaz de fazer coisas com animais selvagens que ninguém mais seria. E, na verdade, o que aconteceu foi que logo eu o superei. Eu sempre o considerei meu mentor, mas o melhor presente que ele me deu foi deixar meus instintos aflorarem, e alimentar essas aptidões."

A lição de Bob Irwin, pai de Steve, é um ensinamento a quem pretende ser um líder. Se você torna desde o início para o mundo que o impossível não existe, que o difícil é natural, e trata com simplicidade problemas que para outros são um grande empecilho, não há limites. Steve não pensava que os crocodilos e tubarões eram uma ameaça, por ver que o seu exemplo de vida, seu pai, encarava aqueles animais com naturalidade e capturá-los como um fato corriqueiro.

Steve pulou para pegar seu primeiro crocodilo, mas sempre pode contar com a luz do holofote de seu pai e sua mão quando precisava. A maior realização de sua infância, e que modificou todo o rumo de sua vida, foi na verdade a oportunidade de se testar e descobrir seus limites.

E seu pai sempre estimulou o talento natural de Steve. O deixou errar, o observou, mas sempre esteve ao lado de seus sonhos e incentivando o menino que cresceu acostumado com o máximo. O máximo de desafio, o máximo de perigo, o máximo de desenvolvimento. E assim, se tornou o maior ambientalista do mundo em alguns anos, e dedicou sua vida a este propósito.

A vida de Steve Irwin é uma lição aos futuros líderes, pois o líder de hoje não é o que se impõe, e sim o reconhecido. O líder por exemplo, que toma atitudes e se põe a frente nas dificuldades que seu time enfrenta, e cria respeito através de sua índole e imagem.

Portanto, da próxima vez que achar que não vai conseguir, não pense nos que não conseguiram. Não pense nos crocodilos, nem nos tubarões. Pense em cada um daqueles que você inspira pela sua atitude, e todas as pessoas que seriam estimuladas por você, como Steve foi com seu pai.

Seja o verdadeiro líder.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Notícia enquanto forma de conhecimento

Na era do Twitter e da queda do diploma de jornalista, vem a calhar a discussão sobre a notícia enquanto forma de conhecimento.
A recente anexação da web 2.0 e das possibilidades inúmeras de participação e interação do espectador torna o trabalho do jornalista uma minuciosa arte de trabalhar o fato de um modo que ele se destaque ou que agregue valor à pessoa que lê a notícia. Caso contrário, o jornalismo se torna uma atividade supérflua e marginal em relação ao público.
A queda do diploma da profissão só veio corroborar a nova era da informação, a era dos dados. Como o texto diz, o jornalista deve saber conduzir a notícia com o "conhecimento de", a sua forma de interpretar proveniente de experiências sociais prévias, ao "conhecimento acerca de", sua capacidade crítica e de lógica da análise do fato em questão. Quem consegue unir estas duas características tem a garantia de um público fiel e que realmente valorize o valor do trabalho jornalístico.
Numa profissão que já cometeu muitos exageros, sensacionalismos e erros de apuração, qual o diferencial que leva o leitor a procurar um jornal em detrimento do twitter da fonte? Seja por ironia ou contradição, o que antes era o maior antagonista da profissão agora é seu diferencial: a interpretação do autor da notícia. Se antes se lutava com unhas e dentes pelo jornalismo frio e imparcial, o futuro nos revela que o jornalismo interpretativo é o único caminho possível para a nossa atividade.
E não é só interpretar a seu modo, como os manipuladores de antigamente. Tente enganar seu público, e tudo que o profissional ganha é um nome sujo e propagado em todos os meios de comunicação como anti ético. Vide o impacto da discussão Record x Globo, ou do número de leitores que a Veja perdeu por sua parcialidade.
Robert Park levantou a discussão ideal num tempo diferente, mas que é muito útil para discussão e reflexão no Jornalismo para todo e sempre. Em tempos de nebulosa turbulência no ramo, reforçar a notícia enquanto forma de conhecimento é alento a nós jornalistas.