sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A música que não sai da minha cabeça.

Hoje eu estava pensando numa frase que escutei há bastante tempo, numa viagem vendo um seriado no avião. Ela dizia: "Não saber o que você sente não significa que você não sente nada". E tem algum tempo que eu me pego às vezes pensando nisso: o que aconteceram com grandes paixões minhas do passado que estão mais adormecidas hoje? O que aconteceu com meus sonhos de criança hoje? O que aconteceu com cada batida forte do coração.

Eu tenho um sonho um pouco tosco e idiota. Mas eu sempre sonhei em cantar ópera. Não que minha voz seja uma maravilha. Mas desde pequeno, quando eu tocava o básico de piano que aprendi, fiz aula de canto e meu violão, eu sempre sonhava com um dia que pudesse me apresentar num Cruzeiro estilo Roberto Carlos canta (hehe) cantando um Frank Sinatra, um Elvis Presley.

E essa música que não sai da minha cabeça.

No meio de São Paulo, construindo todo o caminho que pretendo trilhar nos próximos anos, é difícil parar pra pensar que um dia eu faria isso. Mas também meu coração batia muito forte por futebol há um tempo. Sempre olhava os jogos, acompanhava quarta e domingo, mas de uns tempos pra cá me doía. Um stress incontrolável quando se perdia um jogo, uma atitude de raiva à toa. Tive que aprender a me controlar e diminuir por um tempo meu engajamento com isso. É meio que incontrolável, mas dizem que não se pode controlar seus sentimentos completamente, somente suas reações. E a vontade que eu tinha que me levou a entrar na faculdade de comunicação pra ser Jornalista esportivo ficou pelo caminho.

E essa música que não sai da minha cabeça.

Olhar pra trás e ver sonhos como estes me lembra também a história do meu vestibular. Tentando Jornalismo na UFJF e na UERJ. E aí, sem nota na UERJ, comecei a fazer UFJF, mesmo me sentindo mal por ter fracassado na minha possibilidade ir pro Rio e ter sido reprovado em algo pela primeira vez depois de muito tempo. E só descobrir que fui chamado pro segundo semestre mais de um ano depois, enquanto procurava meu nome no google. Meu também sonho de poder estar no Rio, vontade de viver em alguma cidade diferente e explorar algo, acabou que ficou pelo caminho naquela hora. Mais uma vez, uma verdade absoluta tão mutável quanto o criador da mesma.

E essa música que não sai da minha cabeça.

Seja quanto a morar numa cidade que gostaria, seguir uma paixão irracional ou conviver com um sonho esdrúxulo que não me sai da cabeça, depois de 23 anos, todos estes sonhos incompletos ou vidas paralelas que nunca existiram formam um vácuo no íntimo da alma de olhar para trás e inseguro de pensar: será que os meus sonhos de hoje também ficarão pelo caminho? Será que tudo isso que eu vivi até agora e minhas paixões serão renegadas até o final da minha jornada?

Acho que existe algo muito além da razão que rege o caminho das pessoas. Muito além do que é compreensível, padrões de sentimentos e contemplações que vem impressas em cada um. E acho do fundo do meu coração que lá no fundo eu sei que, se estas paixões tem um impacto tão grande em mim, elas não morrerão. Podem estar adormecidas, podem não ser praticadas no dia de hoje, porque tenho uma outra paixão que me move agora. Mas elas sempre continuarão comigo.

Espero que você também pense nas suas paixões ao longo da sua infância, adolescência, e o que faz delas hoje. Elas não irão embora, tampouco você. Como vai vivê-las no dia a dia?

Eu não tenho a resposta. Mas não me preocupo agora. Porque sei que meu coração bate forte como nunca por algo diferente agora. Por uma experiência que me custou suor, lágrimas e me deixa muito orgulhoso por ter um papel ativo para meu país. Como o quintal da minha casa que era enorme quando eu era menor, hoje parece que piso no Maracanã todo dia quando levanto da minha cama.

E continuo vivendo minhas paixões, de maneiras diferentes, no meu dia a dia. Não tão extensamente quanto antes, mas certamente desfrutando da mesma intensidade. Seja vendo um jogo e lembrando das inúmeras vezes que estive ao lado do meu pai fazendo isso, tocando uma música que me lembra da minha mãe, visitando o Rio e respirando aquele mar que me encantava quando criança.

Porque elas são como aquela música que não sai da minha cabeça.

Be still when you have nothing to say; when genuine passion moves you, say what you've got to say, and say it hot. 

David Herbert Lawrence

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