domingo, 4 de setembro de 2011

A coerência das incoerências

Domingo, 4 de setembro de 2011. 1 e 25 da tarde, horário de Brasília. Estou no ultimo avião de volta a São Paulo, depois de 20 dias dos mais intensos da minha jornada até agora.

Não existiria outra palavra para descrever os sentimentos que me colocaram em cheque durante esta viagem. A primeira vez visitando o continente africano, em um congresso voltado para jovens de mais de 100 países, 600 pessoas, durante 10 dias num Hotel em Nairobi, no Quênia.

O meu principal objetivo do congresso era entender melhor pessoas. Entender suas motivicões, seus sonhos, e como elas agem para conseguir chegar mais próximo disto.

Acredito que educação é um misto de motivação com o modo como você absorve o conhecimento exposto. Por isto, tive uma atenção especial ao modo como os facilitadores se comportavam, à reação das pessoas, e tentava ao máximo me colocar em Terceira pessoa para perceber o que acontecia no ambiente ao meu redor.

As histórias mais marcantes para mim novamente foram as que me colocaram em cheque ou que testaram meu limite. E isto expôs uma necessidade quase intrínseca relacionada a minha existência de vontade de crescer e tentar me dedicar a aspectos diferentes.

Os facilitadores que mais me chamaram a atenção eram teatrais; utilizavam de arte, música, expressões lúdicas do pensamento humano que fugiam ao lugar comum das exposições e sessões bem planejadas que não percebem o comportamento e motivicão de quem está na sala.

Isto também me impulsionou a trabalhar cada vez mais arte e estudar cada vez mais. É um ciclo que te coloca cada vez mais perto da expressão da verdadeira alma humana, ao contrario de só usar os 5 sentidos para perceber o que existe ao redor; numa conversa, numa aula, num ambiente de trabalho, não existe somente um aglomerado de pessoas respirando e vivendo; existe uma energia, uma conexão que só haveria entre aquelas pessoas naquele momento ali colocado.

Um exemplo para ficar mais prático: numa roda de discussões que estava, que discutia qual era o teu sonho e o que você tinha feito para alcançá-lo, uma das pessoas insistia em dizer que não importa quanto mais você se dedique para chegar a um estado ideal, o mundo sempre vai te puxar para baixo; sempre alguém vai tentar colocar por terra seu objetivo, ou dará um jeito de atrapalhá-lo.

É interessante observar as reações depois. Uma das pessoas se colocou simplesmente em modo away da discussão ao ouvir isto, outro retrucou e recolocou o foco na discussão; mas o que mais me impressionava era ver como a energia parecia algo manipulável, volátil, como um vapor que levava a discussão a lugares intermináveis.

Uma vez me disseram que a partir do momento que você expressa algo para as pessoas ao redor, você acaba de perder o controle sobre as reações que aquilo despertará; você não pode controlar seus sentimentos, mas pode sim controlar as suas expressões para evitar reações adversas de uma maneira nociva as pessoas que se colocam ao teu lado.

Por que eu estou falando isto tudo? Porque este foi o meu principal aprendizado nesta viagem. “Nunca diga algo que você não suportaria sendo a última coisa que falaria na tua vida” foi a frase que mais me fez refletir sobre a coerência entre o que você acredita, fala e faz.

Parece simples e cliché, mas quando você para pra perceber quantas contradições e desafios existem em entregar perfeitamente os 3 pontos, você percebe o quanto viver uma vida coerente foi para poucos.

A incoerência no meio disto tudo é que quanto mais você se coloca em Terceira pessoa e se observa, mais você se liberta da dicotomia entre o que você pensa que é e como é percebido pelos outros. Em outras palavras, para perceber tua própria essência, você não pode só vive-la a flor da pele, nem simplóriamente viver a alma por si só.

Eu aprendi a me perceber melhor colhendo a coerência das incoerências entre o que eu falava, fazia e acreditava. O GAP, a distância entre estes 3 pontos me fazem mais perto ou longe de perceber o sentido da minha existência.

Este texto foi um dos mais abstratos que já escrevi. Mas é o que eu tirei desta experiência. Para alguém que acredita num futuro diferente para educação e modo de formação do indivíduo na sociedade, conviver com pensamentos extremamente diferentes, expandindo meus horizontes em relação a limite físico e psicologico e me sentindo mais motivado a entender que o caminho que escolhi vai ser muito mais difícil que pensava, o IC foi um alento único.

“I might not know all the answers, but I’m not afraid of the questions”

Houston Spencer

Um comentário:

  1. Achei genial o post Léo! A incoerência é uma das coisas que mais tem pego no meu pé ultimamente e achei seu ponto de vista super válido. Vou pensar mais nessa historia dos 3 pontos!

    o/

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