quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Inovação ou fragmentação?

Empreendedorismo. O fenômeno do momento. A possibilidade de vencer o desemprego, se encontrar num país em franca ascenção com possibilidades de créditos para pequenas e medias empresas se ampliando, grandes novos CEOs fazendo história, novos MBAs, CBAs, instituições que apoiam a educação para empreender.

Mas afinal, toda pessoa que abre seu próprio negócio é empreendedor? Qual o verdadeiro conceito da palavra, que é tão usada hoje nos livros de business e administração?

O primeiro economista a utilizer a palavra “entrepreneur” foi o francês Jean Baptiste Say, no século XVIII, para descrever agricultores que fizeram uma reforma no sistema agrícola da região com novas técnicas de irrigação e plantio que tornaram a chegada ao resultado mais simples e prática. Depois, empreendedor foi denominado como "The entrepreneur shifts economic resources out of lower and into higher productivity and greater yield". Mais tarde, o economista Schumpeter definiu empreendedor com o intuito de agregar valor e ter um propósito para a entrega do produto.

Ora, partindo da lógica acima descrita, precisamos de empreededores em todos os setores da sociedade. Precisamos de politicos empreendedores, que puxem o primeiro setor para otimizar a utilização de recursos de acordo com a realidade em que atuam para extrair os resultados desejados para a populacão; precisamos de empresários no Segundo setor empreendedores, como o recém aposentado Steve Jobs, que causou revolução nos padrões de consumo e necessiadade das pessoas que buscavam produtos inovadores e facilitou uma série de processos dentro das empresas que antes tornavam o trabalho burocrático e complexo. Precisamos de empreendedores no terceiro setor que compreendam que este não é um setor que se baseia no assistencialismo, nem em tapar buracos do primeiro setor, mas que tem um papel ativo sobre a construção e educação dos valores da sociedade.

E mais que isto, precisamos que estes empreendedores não ajam fragmentados. Que sim, sejam movidos por um propósito individual para seus negócios, uma missão e existência única para suas organizações, mas que não estejam isolados por uma rede de crenças e barreiras que os impeçam de exponencializar seu impacto.

Um exemplo claro que vem a minha cabeça é o de uma série de instituições de caridade. Apoio as iniciativas com todo meu curacao e energia, defendo uma série de organizações que buscam combater a pobreza de uma maneira ativa e extremamente impactante para o sociedade.

Mas reflita consigo mesmo: quantas instituições você conhece que lutam contra a pobreza? Agora, quantas são católicas, quantas são espíritas, quantas são evangélicas? Mas todas lutam pela mesma causa, não? Quantas vezes já presenciamos que elas se unissem por um impacto único?

Tal união seria benéfica por conseguir administrar uma marca de alta anexação pela sociedade, credibilidade e complexidade dos investimentos e retorno a longo prazo para instituições maiores. Mas isto não acontece, porque apesar da boa vontade e do trabalho excepcional, as diferentes crenças e barreiras culturais não permitem a aproximação. Ou se permitem, ela é extremamente limitada.

O fato é que não quero discutir religião, nem crenças, só me sinto num mundo hoje que está fragmentado. Quem tem boas ideias, quem busca algo como um propósito forte de vida, vai e abre seu próprio negócio; vai “empreender”. Mas nem sempre abrir uma nova empresa com propósito extremamente semelhante a outra vai impulsionar o país como um todo.

É só olhar o número de empresas que fecham em menos de 5 anos depois de sua abertura; quem sabe se tívessemos empreendedores trabalhando em incubadoras para reforçar estas instituições, se tívessemos líderes no terceiro setor que prezassem não somente pela sustentabilidade das instituições, mas por uma constituição de um plano de longo prazo de impacto da mesma sobre a sociedade, poderíamos criar uma sociedade mais conectada.

Num Brasil que já cansou de escutar que é o país do futuro, a geração atual tem um forte viés a ter credibilidade limitada no governo que fez tantas promessas e que errou bastante, o que criou uma proatividade de resolver os problemas com as próprias mãos ao invés de se tornar uma geração passiva que só protesta mas qua não se move para mudar o país.

Apesar deste movimento sadio de abertura de novas empresas, devemos lembrar também que uma sociedade não se forma de fragmentos de setores, ou de partes diferentes; a própria divisão é confusa, porque no final de contas somos todos a sociedade brasileira.

Espero que num futuro breve, possamos olhar e ver como os setores do nosso país são bem relacionados e movem o país como um todo para frente; como temos grandes líderes e eles são maioria em todas as ativiades de impacto social; e como esta harmonia nos torna um país único que tem tudo para ditar as tendências de liderança nas próximas décadas.

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